Economia

Pobreza afeta o cérebro ainda na pré-escola

Estudo mostra que as desigualdades podem afetar as vidas das crianças dos EUA desde o primeiro momento em que elas entram em uma sala de aula


	Alunos em escola: pessoas com empregos prestigiados e rentáveis produzem filhos que lidam melhor com matemática, leitura e testes de memória
 (Chris Hondros/Getty Images)

Alunos em escola: pessoas com empregos prestigiados e rentáveis produzem filhos que lidam melhor com matemática, leitura e testes de memória (Chris Hondros/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2015 às 17h22.

As desigualdades de riqueza podem afetar as vidas das crianças dos EUA desde o primeiro momento em que elas entram em uma sala de aula, apontou um estudo.

Pessoas com empregos prestigiados e rentáveis produzem filhos que lidam melhor com matemática, leitura e testes de memória, segundo uma análise divulgada hoje pelo Instituto de Política Econômica, que é liberal e observou avaliações de pais e professores de 18.000 crianças que começaram a pré-escola em 2010.

Além dos testes de aptidão diretos, as crianças pobres também ficaram atrás de seus colegas de classe ricos em características como persistência para terminar projetos, entusiasmo para aprender novos conceitos e autocontrole.

Em relação à maioria das habilidades, desde a facilidade com os cálculos e frases até os níveis de atenção, as crianças se saíram melhor a cada degrau mais alto na escala da riqueza.

Os estudantes que estão no meio do espectro em relação ao status socioeconômico se saíram pior que aqueles que estão no topo dele, mas melhor do que aqueles que estão ligeiramente abaixo deles.

“[As desigualdades] representam perspectivas de vida sombrias que anunciam problemas sérios para a nossa sociedade como um todo se não são tratadas como a crise moral e econômica que representam”, escreveu Emma García, autora do relatório.

García utilizou dados do Centro Nacional para Estatísticas da Educação, que está patrocinando um estudo de longo prazo de uma amostra nacionalmente representativa de crianças ao longo do ano em que cursam a quinta série.

No início do ano escolar de 2010, os pesquisadores fizeram perguntas aos estudantes que remetiam à sua familiaridade com letras, seu senso numérico e sua capacidade de classificar objetos e lembrar longas sequências de informação.

Eles também pediram aos professores e aos pais que classificassem o desejo das crianças em aprender, sua capacidade de concluir tarefas e seu foco.

Mesmo depois de tomar em conta uma série de fatores que poderiam tornar as crianças menos propensas ao sucesso – como, por exemplo, se elas leem com seus pais ou se foram à pré-escola --, os mais pobres se saem pior.

Problemas psicológicos

A lista de áreas cognitivas nas quais as crianças ricas têm uma vantagem em relação às crianças pobres é longa.

Ela engloba testes de matemática, leitura, memória, abordagem ao aprendizado, vontade de aprender, autocontrole, perseverança, memória e atenção.

As crianças pobres também são mais propensas a ter uma série de problemas psicológicos, inclusive ansiedade, baixa autoestima e solidão, e estão mais propensas a lidar com esses problemas entrando em brigas, perturbando as atividades e agindo impulsivamente.

Crianças negras e hispânicas se mostram significativamente atrasadas na comparação com as crianças brancas: elas têm pontuação pior em matemática, leitura, memória e em testes de classificação.

Após considerar a variável do status socioeconômico, as diferenças diminuem. Isso sugere que as crianças negras e hispânicas têm dificuldades desde o início, mas não por causa da cor da pele ou da etnia.

O fenômeno teria a ver com o fato de que quase metade das crianças negras e hispânicas vive na pobreza, o que significa que sua renda familiar está abaixo de 200 por cento da linha de pobreza do Departamento do Censo dos EUA.

Cerca de 13 por cento das crianças brancas e 17 por cento das crianças asiáticas são pobres, segundo essa definição. Globalmente, um quarto das crianças que participaram do estudo vivia na pobreza.

Quando uma criança de cinco anos começa sua vida tão atrás das demais no tocante a habilidades tão básicas e marcantes na vida, o país como um todo tem um problema, disse o relatório.

“Ao não solucionar esses problemas educacionais nós perdemos um enorme potencial de capital humano”, escreveu García. “Estamos desiludindo muitos dos nossos jovens”.

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