Economia

Pobres precisam de banheiro, não de celular, diz BM

As famílias mais pobres do mundo estão mais propensas a terem telefones celulares do que banheiros ou água limpa, segundo o Banco Mundial


	Saneamento: visão do Banco Mundial contrasta com o otimismo dos empreendedores da tecnologia
 (Agencia Brasil)

Saneamento: visão do Banco Mundial contrasta com o otimismo dos empreendedores da tecnologia (Agencia Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2016 às 20h25.

As famílias mais pobres do mundo estão mais propensas a terem telefones celulares do que banheiros ou água limpa.

Isso não necessariamente melhorou a situação delas, segundo um novo relatório do Banco Mundial.

O número de usuários de internet mais que triplicou em uma década, para 3,2 bilhões no final do ano passado, representando mais de 40 por cento da população mundial, disse o banco de desenvolvimento com sede em Washington em um relatório divulgado na quarta-feira intitulado “Dividendos digitais”.

Embora a expansão da internet e de outras tecnologias digitais tenha facilitado a comunicação e promovido um senso de comunidade global, ela não ofereceu o enorme aumento de produtividade que muitos esperavam, disse o banco. Ela também não melhorou as oportunidades para as pessoas mais pobres do mundo, nem ajudou a propagar a “governança responsável”.

“Os benefícios totais da transformação da informação e comunicação somente se tornarão realidade se os países continuarem a melhorar seu clima de negócios, investirem na educação e saúde de sua população e proverem a boa governança”, disse o relatório.

“Nos países em que esses fundamentos são fracos, as tecnologias digitais não impulsionam a produtividade nem reduzem a desigualdade”.

A visão do Banco Mundial contrasta com o otimismo dos empreendedores da tecnologia, como Mark Zuckerberg e Bill Gates, que têm argumentado que o acesso universal à internet é essencial para eliminar a pobreza extrema.

“Quando as pessoas têm acesso às ferramentas e ao conhecimento da internet, elas têm acesso a oportunidades que tornam a vida melhor para todos nós”, diz uma declaração do ano passado assinada por Zuckerberg, Gates e outras pessoas, como Richard Branson e Bono.

Insuficiente

Segundo o Banco Mundial, conectar o mundo “é essencial, mas está longe de ser suficiente” para eliminar a pobreza.

O banco de desenvolvimento visa a reduzir a pobreza extrema -- definição dada a quem vive com uma renda de menos de US$ 1,90 por dia -- a 3 por cento globalmente até 2030.

Em mercados sem concorrência suficiente, as tecnologias digitais podem originar monopólios, limitando a inovação, disse o banco. Embora a internet permita que muitas tarefas sejam automatizadas, ela pode criar uma desigualdade maior se os trabalhadores não têm a habilidade de tirar vantagem dos avanços tecnológicos.

E quando os governos não são responsáveis, a propagação da internet pode permitir que eles exerçam um controle maior.

Em muitos países em desenvolvimento, o acesso à internet e ao telefone celular responde por uma grande parcela da renda. Além disso, alguns países não têm sistemas educacionais que capacitem as pessoas para utilizarem a internet.

Em Mali e Uganda, cerca de três quartos das crianças da 3a série não sabem ler, disse o Banco Mundial.

“Como não é de surpreender, os mais instruídos, bem conectados e mais capazes têm recebido a maior parte dos benefícios” da expansão digital, disse o relatório.

Acompanhe tudo sobre:ÁguaBanco MundialCelularesIndústria eletroeletrônicaSaneamento

Mais de Economia

Governo propõe ao Congresso mudança em estatais que pode abrir espaço no limite de gastos

Governo propõe ao Congresso mudança em estatais que pode abrir espaço no limite de gastos

Lula afirmou que tem compromisso com equilíbrio fiscal, diz presidente da Febraban após reunião

“Queremos garantir que o arcabouço tenha vida longa”, diz Haddad, sobre agenda de revisão de gastos