Serviços seguem em retração, segundo levantamento da Markit (Getty Images)
Reuters
Publicado em 4 de novembro de 2016 às 10h13.
São Paulo- As condições do setor de serviços do Brasil se deterioram com força em outubro apesar do primeiro aumento em 20 meses no volume de novos negócios, de acordo os dados da pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgados nesta sexta-feira.
O IHS Markit informou que o PMI de serviços do Brasil caiu a 43,9 em outubro sobre 45,3 em outubro, com redução mais rápida e forte da produção diante da desaceleração da demanda e da recessão econômica. Leituras abaixo de 50 indicam contração da atividade.
Negociações de preços bem-sucedidas ajudaram as empresas fornecedoras da serviços a registrar aumento na entrada de novos negócios no mês passado. Ainda que o crescimento tenha sido apenas ligeiro, encerrou uma sequência de 19 meses seguidos de quedas.
"A recuperação dos novos negócios dá alívio aos fornecedores de serviços, mas muitos questionarão se isso marca o ponto de virada para o Brasil após um período prolongado de mal-estar econômico ou se foi um acontecimento pontual", destacou a economista do Markit Pollyanna de Lima.
Os aumentos foram registrados em três das seis categorias monitoradas --Intermediação Financeira, Hotéis e Restaurantes, e Correios e Telecomunicações.
A pesquisa aponta que as empresas tiveram em outubro recursos suficientes para trabalhar em projetos novos e existentes, mas ainda assim o número de funcionários caiu de forma acentuada, pela taxa mais rápida desde junho.
Buscando reduzir custos e com reestruturações operacionais, um em cada quatro entrevistados indicou perdas de empregos.
Os custos dos insumos aumentaram no período devido às negociações salariais aliadas à alta nos preços de alimentos e das despesas gerais, explicou o IHS Markit. Ainda assim, as empresas reduziram os preços de venda pelo sétimo mês seguido, devido à fraqueza da demanda.
Apesar da debilidade das condições vistas em outubro, setor de serviços continuou mostrando otimismo, ainda que menor do que no mês anterior, com cerca de 60 por cento das empresas prevendo crescimento da atividade nos próximos 12 meses.
A perspectiva de estabilidade política, recuperação econômica e custos mais baixos de financiamento e menor pressão inflacionária dá sustentação à expectativa de recuperação. Por outro lado, os planos de contenção de gastos pelo governo pressionam a confiança.
A indústria do Brasil também permaneceu em contração no mês passado, e com isso o PMI Composto do país caiu a 44,9, sobre 46,1 em setembro, sinalizando uma forte taxa de redução na atividade do setor privado.
Em agosto, o volume do setor de serviços brasileiro registrou os piores resultados para o mês na série histórica do IBGE, com quedas de 1,6 por cento sobre o mês anterior e de 3,9 por cento na comparação anual.