Soja: algumas incertezas, porém, devem limitar a expansão de área, incluindo custos de produção maiores, indefinições com fretes e instabilidade cambial (Paulo Whitaker/Reuters)
Reuters
Publicado em 31 de julho de 2018 às 14h18.
Última atualização em 31 de julho de 2018 às 14h52.
São Paulo - O plantio de soja no Brasil na safra 2018/19, a partir de setembro, deve crescer 3 por cento, para um recorde de pouco mais de 36 milhões de hectares, conforme preços atrativos e uma demanda global consistente estimulam os produtores do maior exportador global da oleaginosa, disse nesta terça-feira a Datagro.
"Se isso realmente for confirmado, será o 12º ano consecutivo de aumento na área plantada com soja no Brasil", afirmou o chefe do setor de grãos da consultoria, Flávio França Júnior, em teleconferência online.
Pelas previsões preliminares da Datagro, a produção potencial para o ciclo é de cerca de 121 milhões de toneladas, também uma marca histórica, após aproximadamente 118 milhões de toneladas em 2017/18.
Além da demanda fortalecida, em especial por parte da China, e de cotações remuneradoras, em meio à apreciação do dólar, França Júnior também citou o limitado interesse dos produtores por culturas alternativas, como milho e algodão, e um cenário de preços atrativos em 2019 como fatores para a perspectiva de maior semeadura.
Algumas incertezas, porém, devem limitar a expansão de área, incluindo custos de produção maiores, indefinições com fretes e instabilidade cambial durante o período de eleições, que coincide justamente com a tomada de decisão do produtor quanto ao plantio de soja.
"Esse dólar a 3,70, 3,80 reais não é uma taxa de equilíbrio. Se tivermos um candidato pró-reformas avançando nas pesquisas, essa taxa de câmbio vai perder... Tem risco bastante alto de plantarmos com uma taxa de câmbio alta e, quando formos negociar, no ano que vem, termos uma taxa muito baixa", destacou o analista da Datagro.
A disputa comercial entre Estados Unidos e China também é outro ponto de atenção. Segundo França Júnior, os prêmios elevados pela soja do Brasil ajudaram a compensar a queda dos preços na Bolsa de Chicago, "mas todo mundo perdeu".
Até o momento, produtores já comercializaram antecipadamente 17 por cento da próxima safra, contra 12 por cento na média para esta época, segundo o consultor.
A Datagro estima plantio de 17,57 milhões de hectares com milho na safra 2018/19 do Brasil, sendo 5,43 milhões na primeira safra, a "verão", e 12,14 milhões na segunda, a "safrinha". O total semeado representaria aumento de 4 por cento na comparação com 2017/18.
Quanto à produção, a tendência é de recuperação após a temporada deste ano, marcada por redução de área plantada e uma forte estiagem nas principais áreas produtoras. Condições climáticas mais estáveis devem ajudar nesse sentido, disse França Júnior.
A consultoria espera colheita de 92,29 milhões de toneladas em 2018/19, alta de 12 por cento, sendo 28,02 milhões na safra de verão e 64,27 milhões na "safrinha".
Caso se confirme, o volume ainda ficaria abaixo dos quase 100 milhões de toneladas observados em 2016/17, quando o tempo foi considerado como praticamente perfeito. O Brasil é o segundo maior exportador global de milho, atrás apenas dos EUA.