Roberto Sallouti Foto: Leandro Fonseca data: 28/03/2024 (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 1 de julho de 2024 às 08h03.
Última atualização em 1 de julho de 2024 às 08h11.
O economista Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), ingressou no antigo banco Pactual em 1º de julho de 1994, no mesmo dia em que o Real começou a circular no país. Segundo ele, nos últimos 30 anos, o Brasil, a sociedade, o sistema bancário e o mercado de capitais evoluíram significativamente .
“Quando eu comecei a trabalhar, a gente tinha déficit em conta corrente, um problema inflacionário, dívida dolarizada, uma preocupação fiscal e baixa produtividade. Esses três primeiros pontos foram resolvidos. Temos, hoje em dia, parâmetros para ser grau de investimento", disse Sallouti em entrevista exclusiva à EXAME para a série especial de 30 anos do Plano Real.
Entretanto, restam desafios para melhorar a vida dos brasileiros.
Segundo ele, os governantes, os empresários e a sociedade devem focar o trabalho, após a estabilidade fiscal, em aumentar os níveis de produtividade para que o país eleve a renda da população.
"Só falta a gente ter credibilidade na nossa política fiscal corrente e demonstrar para o mercado uma trajetória cadente da relação entre dívida e o PIB”, afirmou. “Isso, obviamente, exige uma vontade política, um sacrifício político, mas é atingível. Feito isso, podemos focar, como país, em uma agenda de produtividade focada em educação, segurança jurídica, segurança pública, menos burocracia e simplificação tributária. Esses são os últimos passos para virarmos um país de classe média. Produzir mais com a mesma população ativa. Isso se traduzirá em renda média maior.”
"Meu primeiro dia de trabalho no Pactual foi em 1º de julho de 1994, no lançamento do Plano Real. Eu brinco que eu tive uma grande felicidade porque foi a inauguração do mercado de capitais moderno no Brasil, que coincidiu com meu primeiro dia de trabalho" — Roberto Sallouti
Entre os legados deixados pelo Plano Real, Sallouti afirmou que ter uma moeda estável ao longo de 30 anos é o principal deles. Segundo ele, os brasileiros pensam e economizam em reais, o que não ocorre em países vizinhos, como a Argentina.
“Todos nós, brasileiros, pensamos a nossa poupança em reais. A gente não pensa em outra moeda. Você fala com um argentino e ele pensa em dólares. Isso é uma conquista. O país ter a sua unidade de valor, a sua moeda, é uma conquista que a gente não pode abandonar como sociedade. Isso é o que torna um país estável. Temos, praticamente, toda a nossa dívida financiada internamente na nossa moeda. Isso é um privilégio para poucos e grandes países. Isso é uma conquista que muda o Brasil de liga”, disse.
Sallouti foi entrevistado para a série documental "Plano Real, 30 anos", um projeto audiovisual da EXAME que ouviu alguns dos principais economistas, executivos e banqueiros do Brasil.
Entre os entrevistados estão: