Economia

Placar da Previdência indica que governo tem desafio na Câmara

Se a votação fosse nesta quarta-feira (5), nem uma proposta com regras mais brandas para a aposentadoria e pensões seria aprovada pelos parlamentares

Michel Temer: a principal aposta do governo para colocar a economia brasileira nos trilhos de uma maneira sustentável seria rejeitada por 241 deputados, mesmo com a opção de suavizar o texto (Ueslei Marcelino/Reuters)

Michel Temer: a principal aposta do governo para colocar a economia brasileira nos trilhos de uma maneira sustentável seria rejeitada por 241 deputados, mesmo com a opção de suavizar o texto (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de abril de 2017 às 18h24.

Última atualização em 5 de abril de 2017 às 20h44.

Levantamento feito pelo Grupo Estado na Câmara dos Deputados mostra que o governo Michel Temer enfrenta um difícil desafio para aprovar a reforma da Previdência.

Se a votação fosse nesta quarta-feira, 5, nem uma proposta com regras mais brandas para a aposentadoria e pensões seria aprovada.

O Placar da Previdência será atualizado online no portal do jornal O Estado de S. Paulo.

O placar completo pode ser conferido no seguinte endereço online:

http://infograficos.estadao.com.br/especiais/placar/votacao/economia/?id=GLwN7vXR3W

A principal aposta do governo para colocar a economia brasileira nos trilhos de uma maneira sustentável seria rejeitada por 241 deputados, mesmo com a opção de suavizar o texto.

São 36 votos a mais do que o número máximo de contras permitido para que o texto seja aprovado - são necessários 308 votos a favor, o equivalente a três quintos dos 513 deputados.

Até o momento, o jornal O Estado de S. Paulo ouviu 426 deputados 83% da Câmara.

Ao todo, 13 disseram que são favoráveis ao texto da forma como foi enviado pelo governo.

Ao todo, 97 parlamentares afirmaram estarem dispostos a aprovar a reforma da Previdência, desde que pontos-chave sejam alterados.

Oitenta e sete deputados não foram encontrados.

"Coração" da proposta, a fixação da idade mínima de 65 anos para se aposentar no Brasil é rejeitada pelos deputados.

Hoje, quem não consegue se aposentar por tempo de contribuição acaba se aposentando por idade, que exige idade mínima de 60 anos para mulheres e 65 para homens, além de contribuição ao INSS por 15 anos.

Se a mudança proposta pelo governo for aprovada, será obrigatório alcançar 25 anos de contribuição, mesmo que isso signifique trabalhar além dos 65 anos de idade.

Dos 96 que se mostraram favoráveis à reforma, ainda que com ressalvas, 69 deputados disseram ser favoráveis a uma idade menor para as mulheres e 54 defenderam uma exigência menor para os homens.

Os deputados querem afrouxar também a exigência de 49 anos de contribuição para ter direito ao benefício integral acima do salário mínimo (76 deputados querem suavizar essa regra).

Com 25 anos de contribuição e 65 anos de idade, o trabalhador terá direito a apenas 76% do benefício se o projeto do governo passar.

Para aprovar a reforma, 73 deputados querem uma regra de transição para homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45 anos, que só se aposentarão com 65 anos, caso o texto do governo for aprovado.

A proposta cria uma regra de transição apenas para homens com 50 anos ou mais e mulheres com 45 ou mais.

Para se aposentar, o governo propõe que essas pessoas paguem pedágio de 50% do tempo de contribuição restante.

O jornal O Estado de S. Paulo priorizou esses pontos porque são considerados os mais importantes pela equipe econômica para não desconfigurar o texto enviado.

Muitos deputados, porém, fazem questão de ressaltar que também querem outras mudanças.

Eles querem abrandar as exigências para a concessão da aposentadoria rural e do benefício assistencial pago a idosos e deficientes da baixa renda.

Também não concordam com a proibição de se acumular aposentadoria e pensão, desde que respeitado o teto do INSS.

O governo já sinalizou que está aberto a negociar esses pontos.

A bancada do PSDB na Câmara, por exemplo, fechou questão e afirma que só aprovará a reforma se esses itens forem modificados juntamente com a regra de transição.

Até o fechamento deste texto, às 16 horas, a reportagem não conseguiu contato com 88 deputados.

Outros 52 não quiserem responder e 32 se declararam indecisos.

Quatro disseram que vão se abster.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosGoverno TemerMichel TemerReforma da Previdência

Mais de Economia

Temos um espaço muito menor para errar, diz Funchal sobre trajetória da dívida pública

Isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil recairá sobre grandes empresas, diz Rodrigo Maia

A crescente força das gerações prateadas no Brasil

Haddad diz que consignado privado pelo eSocial terá juro "menos da metade" do que se paga hoje