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Pix não 'canibalizou' cartões de crédito; diz presidente do BC

Em evento no Rio, presidente do Banco Central destaca a revolução trazida pelo Pix e defende gestão pública da ferramenta

Agência o Globo
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Publicado em 6 de agosto de 2025 às 12h15.

Em evento no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 6, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, saiu em defesa do Pix, criticando as alegações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o sistema de pagamentos instantâneos estaria prejudicando a receita de bancos no Brasil.

Galípolo classificou o Pix como uma "revolução" do sistema financeiro brasileiro, que ampliou a bancarização da população, e refutou a ideia de que o meio de pagamento público digital competiria diretamente com os cartões de crédito.

Pix e crescimento dos cartões de crédito

Refutando as críticas de Trump, Galípolo destacou que os cartões de crédito no Brasil tiveram um aumento de 20,9% entre 2020 e 2024, após a introdução do Pix, comparado a um crescimento de apenas 13,1% na década anterior, entre 2009 e 2019.

O presidente do BC explicou que a introdução do Pix não gerou uma rivalidade com os serviços de cartões de crédito, mas sim um crescimento simultâneo de ambos os sistemas.

— "Os cartões de débito e pré-pago e do cartão de crédito, em especial, apresentam uma taxa de crescimento maior do que antes do advento do Pix. Isso elimina qualquer ideia de que um sistema está canibalizando o outro", afirmou Galípolo.

O Pix como legado do Banco Central

Galípolo também ressaltou o impacto positivo do Pix na inclusão financeira, argumentando que ele trouxe mais pessoas para o sistema bancário, criando um legado que promoveu a ampliação de outros serviços financeiros, como os cartões de crédito.

Ele descreveu o Pix como um "legado" do Banco Central que gerou uma verdadeira revolução no mercado financeiro, destacando a criação de novos produtos, como o Pix automático, Pix parcelado e Pix em garantia.

Gestão pública do Pix é essencial

Além de defender o Pix, Galípolo reiterou a importância da gestão pública do sistema, afirmando que, devido à sua criticidade para a infraestrutura financeira do Brasil, o Pix deve continuar sob o controle do Banco Central.

Segundo ele, delegar o gerenciamento do Pix a uma instituição privada representaria um risco para a segurança do sistema financeiro, além de criar possíveis conflitos de interesse.

— "O Pix como infraestrutura pública dentro do BC configura uma rodovia onde todos podem operar, desde que sigam as regras", explicou Galípolo.

Despesas crescentes com tecnologia

Durante sua fala, o presidente do Banco Central também defendeu a aprovação da PEC 65/2023, que visa ampliar o orçamento da instituição para cobrir os custos crescentes com tecnologia.

Galípolo explicou que, à medida que novos serviços são lançados, 70% do valor investido precisa ser destinado à manutenção das inovações, como no caso do Pix Automático, que teve seu lançamento adiado por quase três anos devido a esses custos.

— "Precisamos garantir que o BC tenha um arcabouço legal, institucional, financeiro e orçamentário para suportar as inovações que produziu. Se não, o orçamento do Banco Central fica espremido e outras áreas acabam pagando a conta", afirmou.

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