Ministro Pimentel, ex-ministro Luiz Furlan, economistas e empresários participaram de debate sobre competitividade no EXAME Fórum (Alexandre Battibugli/EXAME)
Da Redação
Publicado em 30 de setembro de 2011 às 16h01.
Última atualização em 10 de outubro de 2019 às 16h48.
São Paulo – Para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, o sistema tributário brasileiro é “absolutamente disfuncional para o século XXI”. Esta é uma das questões centrais que o país precisa resolver para manter seu crescimento e a credibilidade no cenário internacional.
O ministro participou de debate no EXAME Fórum sobre a competitividade da economia brasileira. Luiz Fernando Furlan, que foi ministro da pasta agora chefiada por Pimentel durante o governo Lula, também participou da discussão. Ele comparou o Brasil a um maratonista que disputa no cenário internacional com uma mochila de pedras nas costas.
Ex-ministro e atual concordaram que a primeira pedra a ser tirada é justamente a da desordem tributária. Pimentel reconheceu que o atual modelo já funcionou no país “quando jogávamos no segundo time. Agora somos do primeiro. Havia funcionalidades setoriais no sistema tributário, mas agora ele é um monstro disfuncional”, afirmou.
O problema da carga tributária excessiva no país já é velho conhecido dos especialistas e políticos e tem sido alvo de constantes debates. Por isso, na opinião do ex-ministro Furlan, o Brasil é um país que fala demais e entrega pouco.
“O que não falta para o Brasil hoje é diagnóstico do que fazer. Mas ainda falta fazer. Somos como maratonistas correndo com uma mochila cheia de pedras nas costas. Pedras da carga tributária, da educação, infraestrutura, tecnologia. Ainda conseguimos correr, mas é preciso fazer algo a respeito”, disse.
Problemas maiores
Outro debatedor, o presidente da TOTVS, Laércio Cosentino, enfatizou que a questão da carga tributária é importante, mas não é a principal. Segundo ele, ainda que o governo consiga reformar o sistema de impostos, a economia do país ainda vai sofrer pela falta de competitividade.
“A inteligência que precisamos colocar nos nossos negócios é fundamental. Se a carga tributária fosse menor, ainda assim perderíamos para outros países por falta de talentos, falta de qualificação, falta de investimento em preparação”, afirmou.
O economista José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Princeton, nos EUA, reforçou a tese de Cosentino. Segundo panorama apresentado por ele, a produtividade do trabalhador brasileiro é praticamente a mesma de quatro décadas atrás, na comparação com a evolução dos trabalhadores norte-americanos.
“Em quatro décadas a China multiplicou sua produtividade por sete, e a Coreia do Sul, por quatro. Índia e China também deram saltos e o Brasil ficou praticamente estagnado em relação à fronteira, que são os Estados Unidos”, disse Scheinkman.
Os palestrantes concordaram, entretanto, que o Brasil tem uma grande vantagem . O tamanho de sua economia e sua atual situação no cenário internacional faz com que a resolução dos problemas brasileiros dependa apenas do próprio país. “Depende apenas de nós, e temos capacidade para resolver os problemas”, afirmou Pimentel. “Só falta parar de falar e começar a agir”, concluiu Furlan.