Na Venezuela, são necessárias muitas e muitas notas para comprar um frango (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 20 de agosto de 2018 às 17h18.
Última atualização em 20 de agosto de 2018 às 18h09.
São Paulo - A Venezuela está em feriado nacional nesta segunda-feira (20) para a introdução de uma nova moeda.
Sai o Bolívar forte e entra o Bolívar soberano, com cinco zeros a menos, mas as duas moedas vão coexistir por um tempo - uma receita para a confusão.
Na última sexta-feira (17), venezuelanos formaram longas filas e lotaram as lojas preocupados em se abastecer diante das incertezas com a mudança.
O presidente Nicolas Maduro se diz vítima de uma "guerra econômica" e promete que a nova moeda vai resolver o problema da inflação.
No sábado (18), ele também anunciou uma nova taxa de câmbio única atrelada à criptomoeda petro, equivalente a 60 dólares em barril de petróleo venezuelano.
Isso desvalorizaria efetivamente a moeda em 96%, o que economistas apontam como um novo estímulo à disparada de preços.
A estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que a inflação no país chegue a 1 milhão por cento em 2018; o governo não publica dados oficiais.
O resultado de tudo isso é que hoje são necessárias pilhas e pilhas de dinheiro para comprar produtos básicos.
A única exceção é a gasolina: um litro do produto custa 1 bolívar, enquanto uma xícara de café custa 2,2 milhões. Mas a exceção para o combustível também será revista, segundo o governo.
O fotógrafo Carlos Garcia Rawlins, da Reuters, foi a Caracas e registrou a quantidade de dinheiro necessária para comprar cada produto, usando como preço de referência um pequeno mercado informal. Veja as fotos: