Economia

PIB tende a piorar nos próximos meses, avalia economista

O conjunto dos últimos trimestres, mais o resultado de hoje para o PIB do primeiro trimestre do ano, sinalizam desaceleração da economia, diz especialista


	Dinheiro: principal leitura que se faz do do PIB do 1º trimestre é negativa, diz especialista
 (Bloomberg)

Dinheiro: principal leitura que se faz do do PIB do 1º trimestre é negativa, diz especialista (Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2014 às 16h30.

Rio de Janeiro - O conjunto dos últimos trimestres, mais o resultado divulgado hoje (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o Produto Interno Bruto (PIB) dos três primeiros meses deste ano, sinalizam “uma franca desaceleração da economia”, disse hoje (30) à Agência Brasil o economista Vinícius Botelho, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas.

O PIB aumentou 1,9% em comparação ao primeiro trimestre do ano passado, com alta de 0,2% sobre o último trimestre de 2013.

O resultado já incorpora os dados da produção industrial, que elevaram o PIB de 2013 de 2,3% para 2,5% e revisaram o resultado do último trimestre do ano passado de 0,7% para 0,4%, lembrou o economista.

“A gente partiu de um patamar de crescimento mais alto e agora está estacionando em um nível de crescimento mais baixo”, comentou.

O crescimento do PIB do primeiro trimestre de 2014 foi puxado, principalmente, pelo consumo do governo, o que gerou queda da poupança e da formação bruta de capital fixo, isto é, dos investimentos, o que acaba sendo menos PIB hoje e menos PIB amanhã”.

Segundo Botelho, o acúmulo de oferta de capital menor, provocado pelo fato de o país investir menos, compromete o crescimento ao longo dos próximos anos.

De acordo com o economista, há uma desaceleração forte da indústria de forma geral, com exceção do setor elétrico, o que já era mostrado pela produção industrial mensal. No entanto, os sinais de recuperação na indústria extrativa são “erráticos”, o que dificulta uma continuidade sustentável ao longo do tempo.

Na avaliação de Botelho, a principal leitura que se faz do resultado do PIB do primeiro trimestre “é negativa, de desaceleração ao longo do tempo”. “É uma leitura de um PIB que está ficando pior e vai ficar pior ainda por algum tempo”.

Usualmente, o segundo trimestre mostra um resultado melhor. Apesar disso, o economista do Ibre/FGV aposta em um prognóstico ruim.

“Porque a gente vai ter um resultado ruim da indústria da transformação. Em abril, a nossa expectativa é uma queda bastante forte. As pesquisas do Ibre estão em patamares bastante baixos e a gente tem, em junho, a Copa do Mundo, que acaba afetando a produção porque tem um número menor de dias para trabalhar. Então, a leitura para o segundo trimestre ainda é muito ruim”.

Apesar do prognóstico negativo, Botelho acredita que o crescimento do PIB este ano vai ser positivo.

As atividades que mostram desaceleração, como a indústria da transformação e o setor da construção civil, devem fechar 2014 negativos.

No entanto, outras atividades dentro do PIB funcionam como colchões que impedem que a desaceleração seja muito forte.

Um exemplo é a produção de itens da administração pública.

O Ibre/FGV estava trabalhando com uma estimativa de crescimento de 1,8% para o PIB no ano, mas esse número deve ser revisado para baixo, chegando a 1,5%. “A gente vai revisar para o baixo o PIB do ano fechado”, adiantou o economista.

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoDesenvolvimento econômicoeconomia-brasileiraEstatísticasIBGEPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Pacheco afirma que corte de gastos será discutido logo após Reforma Tributária

Haddad: reação do governo aos comentários do CEO global do Carrefour é “justificada”

Contas externas têm saldo negativo de US$ 5,88 bilhões em outubro

Mais energia nuclear para garantir a transição energética