Destaque foi a Agropecuária, que cresceu 13,4% em relação ao tri anterior (Cristiano Mariz/EXAME/Exame)
João Pedro Caleiro
Publicado em 1 de junho de 2017 às 09h03.
Última atualização em 1 de junho de 2017 às 13h49.
São Paulo - O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1% no 1º trimestre de 2017 em relação ao 4º trimestre de 2016 na série com ajuste sazonal, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foi a primeira alta nessa medida após 8 trimestres seguidos (dois anos) de queda. Por essa medida, acabou a recessão, mas há dúvida se a trajetória é consistente e vai continuar.
Na comparação com o 1º trimestre de 2016, o PIB caiu 0,4%. No acumulado dos quatro trimestres até o primeiro trimestre de 2017 e, comparação com os quatro trimestres imediatamente anteriores., o PIB teve queda de 2,3%.
O resultado veio dentro da expectativa do mercado. Uma média de 25 projeções compiladas pela Bloomberg News previa 1% de alta, assim como o Ibre/FGV. Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vinha projetando alta de 0,7%.
O resultado de hoje dá força ao discurso do presidente Michel Temer de que a economia brasileira está em um ponto de inflexão e que a crise econômica está ficando no passado.
Mas a crise política que se instalou com a delação premiada de executivos da JBS traz novas turbulências e tem feito os economistas reverem suas projeções para os próximos trimestres.
Setores
O resultado do trimestre foi puxado pela Agropecuária, que cresceu 13,4% em relação ao trimestre anterior e 15,2% em relação ao mesmo período de 2016.
Já a Indústria subiu 0,9% em relação ao trimestre anterior, mas ainda acumula queda de 1,1% na comparação anual.
Houve alta anual em áreas como Extração Mineral (+9,7%) e queda em setores como Construção (-6,3%) e Indústria de Transformação (-1%).
Os Serviços ficaram estagnados na comparação trimestral mas tiveram queda de 1,7% em relação a 2016.
Todas as outras principais medidas de demanda interna continuam em queda. O consumo das famílias, por exemplo, a mais importante delas, teve queda de 0,1% no trimestre e de 1,9% em relação a 2016.
"Esse resultado pode ser explicado pelo comportamento dos indicadores de crédito e mercado de trabalho ao longo do período", diz o comunicado.
A formação bruta de capital fixo, que mede o investimento na economia, caiu 1,6% na comparação trimestral e 3,7% na comparação anual.
A taxa de investimento como proporção da economia caiu mais de um ponto percentual em um ano: foi de 16,8% no primeiro trimestre de 2016 para 15,6% no primeiro trimestre de 2017.
Já a taxa de poupança teve um movimento contrário e em um ano foi de 13,9% para 15,7% do total do PIB.
As exportações subiram 1,9% comparado ao ano anterior enquanto as importações subiram 9,8%, efeito de uma valorização cambial de cerca de 20% no período e também da recuperação econômica.
Na comparação internacional, o Brasil ficou em último lugar entre 39 países no ranking de crescimento anualizado divulgado pela Austin Ratings.
Veja os principais números do PIB do trimestre:
Período de comparação | PIB |
---|---|
1º Tri 2017 / 4º tri 2016 | 1,0% |
1º Tri 2017 / 1º Tri 2016 | -0,4% |
Acumul. 4 tri / Acumul. 4 tri anteriores | -2,3% |
Valores correntes no ano (R$ bilhões) | 1.594,5 |
Período de comparação | Agropec. | Indústria | Serviços |
---|---|---|---|
1º Tri 2017 / 4º tri 2016 | 13,4% | 0,9% | 0,0% |
1º Tri 2017 / 1º Tri 2016 | 15,2% | -1,1% | -1,7% |
Acumul. 4 tri / Acumul. 4 tri anteriores | 0,3% | -2,4% | -2,3% |
Valores correntes no ano (R$ bilhões) | 93,4 | 291,1 | 996,4 |
Período de comparação | Investimento | Cons. Fam. | Cons. Gov. |
---|---|---|---|
1º Tri 2017 / 4º tri 2016 | -1,6% | -0,1% | -0,6% |
1º Tri 2017 / 1º Tri 2016 | -3,7% | -1,9% | -1,3% |
Acumul. 4 tri / Acumul. 4 tri anteriores | -6,7% | -3,3% | -0,7% |
Valores correntes no ano (R$ bilhões) | 248,6 | 1.003,6 | 307,6 |