Economia

PIB pode cair com racionamento de energia, diz S&P

A agência trabalha no momento com a previsão de expansão entre 1% e 2% no PIB, índice que pode diminuir ainda mais com a seca

Volume de água do Sistema Cantareira chega a 5,8%, o menor de toda a história (Divulgação/Sabesp)

Volume de água do Sistema Cantareira chega a 5,8%, o menor de toda a história (Divulgação/Sabesp)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2014 às 08h21.

Nova York - Um racionamento de energia no ano que vem, provocado pela seca, pode pesar negativamente nas já fracas projeções de crescimento da economia brasileira para 2015, avalia a diretora-gerente de ratings soberanos da Standard & Poor'’s (S&P), Lisa Schineller, em uma teleconferência para avaliar o cenário do Brasil no pós-eleições.

A diretora da S&P disse que a agência trabalha no momento com a previsão de expansão entre 1% e 2% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. "Se houver racionamento, claramente essa previsão será menor."

Ao falar da possibilidade de racionamento em 2015, Lisa destacou que também pode influenciar o cenário brasileiro a elevação dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

A expectativa da S&P é que no segundo trimestre do ano que vem as taxas subam, o que deve aumentar a volatilidade para o Brasil e outros emergentes, além de encarecer os custos de financiamento.

Segundo Lisa, o mercado financeiro brasileiro está muito ansioso pelos nomes da nova equipe econômica. Porém, mais que nomes, o que interessa para a agência de classificação de risco é qual será a política econômica que o ministro da Fazenda vai executar e o que terá apoio do governo e será aprovado no Congresso.

"Não é o nome do ministro da Fazenda per se. É a sinalização e execução de política pelo governo", disse Lisa, afirmando que essa é a fotografia que a agência vai avaliar, junto com as medidas econômicas que o Congresso vai aprovar.

Mudança do ministro não indica mudança de política econômica, avaliou.

"Em tempos de expectativa do mercado para o ministro da Fazenda, os agentes vão ficar mais confortáveis com economistas vindo do mercado. Mas, do nosso ponto de vista, o que importa não é o que esta pessoa vai colocar na mesa, mas o que será endossado pelo governo e o que o Congresso vai aprovar."

Petrobras

Em vários momentos de sua apresentação, Lisa falou dos níveis muito baixos de confiança dos empresários e consumidores no Brasil e que Dilma precisa sinalizar mudanças e tomar medidas que resolvam essa questão. "Há uma extrema falta de confiança."

De acordo com a executiva, o escândalo de corrupção na Petrobras é outro exemplo dos desafios que a presidente Dilma Rousseff terá em seu segundo mandato, que já começa marcado por um Congresso fragmentado, níveis baixos de confiança dos empresários e atividade econômica fraca.

No caso da Petrobras, a S&P espera um aumento de preços dos combustíveis no Brasil neste pós-eleições, disse Lisa, sem especificar datas.

A falta de reajuste amarrou as operações da petroleira e, nesse sentido, uma elevação dos preços dará maior margem de manobra à companhia em seus projetos de investimento, afirmou.

A S&P vai monitorar o Orçamento que deve ser aprovado pelo Congresso para 2015, mas por enquanto, o cenário base da agência é para a manutenção de um menor superávit primário e déficit mais alto.

No curto prazo, a moeda brasileira deve continuar desvalorizada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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