Economia

Economia encolhe 0,6% no 2º tri e está em recessão técnica

Economia brasileira caiu 0,6% no segundo trimestre em relação ao anterior, que teve resultado revisado de alta para queda, configurando uma recessão técnica

Real: Notas de dez e vinte reais (Dado Galdieri / Bloomberg)

Real: Notas de dez e vinte reais (Dado Galdieri / Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 29 de agosto de 2014 às 10h08.

São Paulo - O PIB do Brasil encolheu 0,6% no 2º trimestre de 2014 em relação ao trimestre anterior, divulgou nesta manhã o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A agropecuária cresceu 0,2% enquanto a indústria recuou 1,5% e os serviços, 0,5%.

O resultado do primeiro trimestre também foi revisado - de uma alta de 0,2%, como havia sido previamente divulgado, para uma queda de 0,2%.

O encolhimento por dois trimestres seguidos configura o que se chama de "recessão técnica". A última vez que isso aconteceu no país foi no final de 2008 e início de 2009, logo após a eclosão da crise financeira internacional nos Estados Unidos.

O cenário já havia sido antecipado por instituições como o Itaú e a FGV, que previam uma queda na ordem de 0,4% no PIB deste trimestre.

O resultado negativo foi puxado por uma queda de 5,3% na formação bruta de capital fixo (o investimento) e desempenhos negativos em setores como comércio (-2,2%) e construção civil (-2,9%). Dentro da indústria, só a extração mineral teve crescimento (3,2%).

As importações caíram 2,1% e as exportações cresceram 2,8%.

Ano a ano

Em relação ao 2º trimestre do ano passado, a queda do PIB foi de 0,9%, com estabilidade da agropecuária, recuo de 3,4% na indústria e expansão de 0,2% nos serviços. 

Nesta comparação ano a ano, o resultado é positivo em setores como extração mineral (8%), intermediação financeira (+2,5%), serviços de informação (+3%), serviços imobiliários e aluguel (+1,5%) e administração, saúde e educação públicas (+1,3%).

A queda foi expressiva na indústria de transformação (-5,5%), construção civil (-8,7%) e investimento (-11,2%). Importações caíram 2,4% e exportações subiram 1,9%, com destaque para petróleo, carvão e produtos metalúrgicos e agropecuários.

Com um aumento de 4,3% em termos reais na massa salarial no trimestre, a despesa do consumo das famílias teve a 43ª alta seguida, desta vez de 1,2%. 

No acumulado dos quatro trimestres terminados em junho em relação aos anteriores, o PIB cresceu 1,4%. Na comparação do primeiro semestre de 2014 com o primeiro de 2013, a alta foi de 0,5%.

Investimento

A taxa de investimento em relação ao PIB ficou em 16,5% no 2º trimestre deste ano, contra 18% no mesmo período do ano passado.

A taxa de investimento em relação ao PIB está estacionada há mais de uma década no Brasil, com altas e baixas em torno dos 18%. Elevar esta taxa, que sempre foi baixa em relação a outros países do mundo, é apontado por economistas como a forma de lançar um novo ciclo de crescimento sem pressão sobre a inflação.

Período de comparação PIB
Tri/ tri anterior -0,6%
2º Tri 2014 / 2º Tri 2013 -0,9%
Acum. 4 tri / 4 tri anteriores 1,4%
Valores correntes no tri (R$) 1,271 trilhão
Período de comparação Agropec. Indústria Serviços
Tri/ tri anterior 0,2% -1,5% -0,5%
2º Tri 2014 / 2º Tri 2013 0,0% -3,4% 0,2%
Acum. 4 tri / 4 tri anteriores 1,1% 0,5% 1,6%
Valores correntes no tri (R$) 82,5 bilhões 255 bilhões 750 bilhões
Período de comparação FBCF Cons. Fam. Cons. Gov.
Tri/ tri anterior -5,3% 0,3% -0,7%
2º Tri 2014 / 2º Tri 2013 -11,2% 1,2% 0,9%
Acum. 4 tri / 4 tri anteriores -0,7% 2,1% 2,2%
Valores correntes no tri (R$) 209,8 bilhões 799,4 bilhões 271,8 bilhões
Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoDesenvolvimento econômicoeconomia-brasileiraEstatísticasIBGEIndicadores econômicosPIB

Mais de Economia

IPCA-15 de novembro sobe 0,62%; inflação acumulada de 12 meses acelera para 4,77%

Governo corta verbas para cultura via Lei Aldir Blanc e reduz bloqueio de despesas no Orçamento 2024

Governo reduz novamente previsão de economia de pente-fino no INSS em 2024

Lula encomenda ao BNDES plano para reestruturação de estatais com foco em deficitárias