PIB do Brasil: segundo trimestre teve altas em todos os setores (Cris Faga/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 1 de setembro de 2022 às 09h06.
Última atualização em 1 de setembro de 2022 às 10h03.
A economia brasileira cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022 em relação ao trimestre anterior, segundo o resultado do produto interno bruto (PIB) de abril a junho. O dado foi divulgado nesta quinta-feira, 1º de setembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta trimestral veio acima do consenso do mercado, que projetava avanço de 0,9%, segundo projeções compiladas pela Bloomberg.
Com o resultado, o PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos, chegou a R$ 2,404 trilhões em valores correntes.
O PIB positivo do segundo trimestre é a quarta alta trimestral seguida do indicador e faz a atividade econômica ficar 3% acima dos patamares pré-pandemia (no quarto trimestre de 2019), segundo o IBGE.
Todos os setores da economia cresceram em relação ao trimestre anterior. O maior impacto veio do setor de serviços, por sua maior participação na economia, enquanto o maior crescimento veio da indústria:
“Os serviços estão pesando 70% da economia, então têm um impacto maior nesse resultado", disse em nota do IBGE a coordenadora de Contas Nacionais do instituto, Rebeca Palis.
"Dentro dos serviços, outras atividades de serviços (3,3%), transportes (3,0%) e informação e comunicação (2,9%) avançaram e puxaram essa alta. Em outras atividades de serviços, estão os serviços presenciais, que estavam represados durante a pandemia, como os restaurantes e hotéis, por exemplo”, disse.
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Já a indústria chegou a seu melhor patamar desde o terceiro trimestre de 2020, que havia sido marcado na ocasião por uma primeira recuperação após o começo da pandemia.
Todos os subsetores da indústria cresceram, segundo o IBGE. A construção civil, que já havia mostrado bons resultados no primeiro trimestre, seguiu avançando.
Ao todo, na indústria, houve alta de 3,1% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos, além de 2,7% na construção, 2,2% nas indústrias extrativas e de 1,7% nas indústrias de transformação.
Após ser o motor do PIB em momentos em que o restante da economia brasileira patinava, em 2020 e partes de 2021, o agro enfrentou problemas em chuva e safras e segue com resultados piores.
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Além de crescer só 0,5% no trimestre em relação ao período anterior (e após ter caído 0,9% no primeiro trimestre), o agro foi o único que não teve variação positiva na comparação com 2021, período em que o Brasil vivia ainda alguns dos piores momentos da pandemia.
O agro teve queda de 2,5% na comparação com o segundo trimestre de 2021, enquanto serviços subiu 4,5% e indústria, 1,9%.
Safras significativas no segundo trimestre tiveram resultados negativos desde o ano passado, aponta o IBGE, como soja (-12,0% em relação ao segundo trimestre de 2021) e arroz (-8,5%), com queda na expectativa de produção anual. Na outra ponta, milho e café cresceram em relação ao ano passado (alta de 27% e 8,6%, respectivamente).
A Formação Bruta de Capital Fixo, que inclui investimentos em capital produtivo, como máquinas, foi um dos destaques positivos no PIB, ainda que a base de comparação com o primeiro trimestre seja mais baixa (entre janeiro e março, essa frente havia caído 3% no valor revisado).
A taxa de investimento em relação ao PIB foi de 18,7% no segundo trimestre. O IBGE aponta que os destaques nos investimentos foram construção e desenvolvimento de software, setor que não foi duramente afetado pela pandemia.
O consumo das famílias também seguiu como destaque no segundo trimestre e cresceu mesmo vindo de uma base de comparação positiva com o primeiro trimestre (quando subiu 0,5%, no valor revisado).
O consumo das famílias chega agora a seu melhor patamar desde o segundo semestre de 2020, quando houve aumento amplo na renda dos mais pobres com o Auxílio Emergencial.
"A alta do consumo das famílias está relacionada à volta do crescimento dos serviços prestados às famílias, em decorrência dos serviços presenciais que estão com a demanda represada na pandemia”, disse Palis, do IBGE.
“Também houve o crescimento do comércio, tanto do atacado quanto do varejo, o último ligado ao consumo das famílias. Outros pontos são a melhora do mercado de trabalho, com crescimento da massa salarial na comparação anual, a liberação do saque emergencial do FGTS e a antecipação do 13º de aposentados e pensionistas do INSS. Tudo isso impactou o consumo, apesar do aumento da inflação e dos juros”, disse.
As exportações diminuíram o ritmo e caíram 2,5% no segundo trimestre em relação ao período anterior, após um primeiro trimestre de forte alta (5,7%) levando a uma base de comparação expressiva.
Em movimento contrário, as importações subiram 7,6% (após queda de 4% no primeiro trimestre).
Na comparação com o mesmo período do ano passado, as exportações também caíram 4,8%, enquanto importações caíram 1,1%. A queda nas exportações, segundo o IBGE, é explicada sobretudo pela redução na venda de produtos agropecuários (sobretudo a soja), petróleo, gás e derivados e minerais metálicos.