Economia

PIB do 3º tri confirma que não há necessidade de auxílio em 2021, diz SPE

A Secretaria de Política Econômica afirmou que a retomada em V da atividade econômica dispensa a necessidade de auxílios do governo no próximo ano

PIB mostrou recuperação recorde no terceiro trimestre de 2020, de 7,7% (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

PIB mostrou recuperação recorde no terceiro trimestre de 2020, de 7,7% (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

R

Reuters

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 11h07.

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia avaliou nesta quinta-feira que o crescimento econômico do terceiro trimestre, embora abaixo do esperado pelo mercado, confirma a retomada em V da atividade, quadro que dispensa a necessidade de auxílios do governo para o próximo ano.

Em nota, a SPE afirmou que os dados divulgados pelo IBGE mostram "forte recuperação da economia brasileira" e que os indicadores coincidentes sugerem manutenção da tendência de crescimento do PIB para os últimos meses deste ano, confirmando expectativa de expansão elevada no segundo semestre de 2020.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil mostrou recuperação recorde no terceiro trimestre de 2020, de 7,7%, sobre os três meses anteriores, mas o desempenho ficou abaixo do crescimento de 9% esperado pelo mercado, segundo pesquisa da Reuters com analistas.

A própria SPE havia previsto um alta do PIB de 8,3% no terceiro trimestre.

"A forte recuperação da atividade, do emprego formal e do crédito neste semestre pavimentam o caminho para que a economia brasileira continue avançando no primeiro semestre de 2021 sem a necessidade de auxílios governamentais", disse a SPE, em nota.

"É importante frisar que a retomada da atividade e do emprego, que ocorreu nos últimos meses, compensará a redução dos auxílios", completou.

Segundo a SPE, a melhora das condições financeiras também continuará impulsionando a atividade, em especial com a retomada da agenda de reformas.

Nos últimos dias, o Brasil viu a entrada de um fluxo maior de estrangeiros em meio a um cenário de forte liquidez nos mercados globais e ao bom humor com perspectivas mais concretas de vacinação para o coronavírus.

As reformas econômicas seguem em pauta no país, mas sem avanços significativos até aqui, ao mesmo tempo em que persistem dúvidas acerca do Orçamento e da prorrogação de auxílios para o ano que vem, quando a regra do teto de gastos voltará a valer.

Neste ano, o estado de calamidade pública abriu espaço para gastos extraordinários ligados ao enfrentamento da pandemia de Covid-19 sem a necessidade de cumprimento da regra. A maior despesa foi justamente com a concessão do auxílio emergencial: 321,8 bilhões de reais no total, contemplando pagamentos mensais de 600 reais aos beneficiários entre abril e agosto, e de 300 reais de setembro até o fim do ano.

Na visão da SPE, o aumento da taxa de poupança no terceiro trimestre, a 17,3% do PIB --maior valor para o período desde 2013--, mostra que a trajetória de consumo será suavizada no começo de 2021 sem a necessidade de novos auxílios governamentais.

"O escudo de políticas sociais criado para amenizar o sofrimento econômico e social causados pela pandemia deve ser desarmado, dando espaço para a agenda de reformas estruturais e consolidação fiscal –único meio para que a recuperação se mantenha pujante", disse.

"O único caminho que poderá gerar a elevação do bem-estar dos brasileiros serão medidas que consolidem o lado fiscal de nossa economia e corrijam a má alocação de recursos, aumentem a produtividade e incentivem a expansão do setor privado", complementou a secretaria.

Acompanhe tudo sobre:Auxílio emergencialGoverno BolsonaroPIB do Brasil

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo