Economia

PIB em dólar deve perder um quarto do valor este ano

Brasil deve ter pior recessão dos últimos 25 anos; somada com depreciação do real, ela deve derrubar o PIB em dólar em 23%


	Dinheiro: moedas de um real
 (Bruno Domingos/Reuters)

Dinheiro: moedas de um real (Bruno Domingos/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 26 de maio de 2015 às 13h23.

São Paulo - Na semana passada, o Ministério do Planejamento anunciou um corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento e reviu sua projeção de queda do PIB em 2015 de 0,9% para 1,2%.

Se confirmada, será a pior recessão em 25 anos. E em valores do dólar, a queda do PIB deve ser muito maior: de US$ 2,353 trilhões para R$ 1,812 trilhões, ou 23%.

Isso é resultado principalmente da queda relativa do real em relação a moeda americana. De acordo com as projeções do governo, a cotação deve fechar o ano em R$ 3,22, valor alinhado com as expectativas do mercado.

Só nos 5 meses entre 26 de dezembro e 26 de maio, o dólar foi de R$ 2,66 para R$ 3,13 - queda de 17,6%. A depreciação do real em 2015 só perde entre os emergentes para a lira, moeda da Turquia, segundo índice do JP Morgan.

O realinhamento cambial é parte do ajuste necessário para dar algum impulso nas exportações, favorecer a balança comercial e controlar o déficit em conta corrente. O gasto dos brasileiros no exterior já caiu 16% até abril.

Cenário

Nesta sexta-feira, o IBGE divulga os resultados do PIB no primeiro trimestre, mas os efeitos da paralisia econômica já são sentidos no mercado de trabalho.

Quase 100 mil vagas formais foram fechadas em abril, o pior resultado para o mês desde 1999. O desemprego subiu pela quarta vez seguida, não era tão alto há quase 4 anos e deve continuar em ascensão.

O índice de "infelicidade econômica", que soma inflação e desemprego, atingiu o maior patamar em quase uma década, segundo dados da LCA Consultores.

Os cheques sem fundo também tiveram seu pior índice para abril desde 1991 e a atividade industrial caiu para níveis vistos pela última vez em 2009, no auge da crise mundial. 

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