Economia

PIB de 2023 deve superar — e muito — as estimativas iniciais do mercado; veja o que esperar

Resultado será divulgado nesta sexta-feira, 1. Durante 2023, o PIB foi impulsionado principalmente pelo resultado do agronegócio e consumo das famílias

PIB: economia deve crescer 2,9% no ano (Getty Images/Getty Images)

PIB: economia deve crescer 2,9% no ano (Getty Images/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 29 de fevereiro de 2024 às 17h48.

Última atualização em 1 de março de 2024 às 10h58.

A economia brasileira deve apresentar  um crescimento no acumulado do ano de 2023 entre 2,9% e 3,1% no consolidado de 2023, estimam economistas e relatórios consultados pela EXAME. Os dados serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 1. Em 2022, a economia brasileira cresceu 3%.

Caso as estimativas se confirmem, o crescimento da economia brasileira deve mais alto do esperado pelo mercado no início do ano, que apontava um PIB anual de apenas 1%. Durante 2023, o PIB foi impulsionado principalmente pelo resultado do agronegócio. Apesar do bom resultado no ano, o quarto trimestre deve registrar um recuo de 0,1% ou alta de até 0,1%.

Os analistas Álvaro Frasson Arthur Mota e Victor Esteves, do BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME), esperam uma leve queda de 0,1% no trimestre, explicada pelo recuo do setor agronegócio e alta da indústria extrativa.

"Do lado da demanda, vale destacar a resiliência no consumo das famílias, além da queda na formação bruta de capital fixo, ainda bastante impactada pelas condições financeiras ainda restritivas. Para o setor externo, seguimos projetando bom crescimento nas exportações e queda nas importações", apontam em relatório.

Atividade econômica desigual

Eles destacam ainda que a atividade econômica no ano foi bastante desigual, concentrada no primeiro trimestre e com forte queda de investimentos ao longo dos trimestres. Os analistas chamam a atenção para  a deterioração nos indicadores atrelados aos investimentos, que em teoria podem minar a qualidade do crescimento em 2024. "A boa notícia é que já observamos uma melhora gradual na indústria de transformação e nas condições financeiras, o que deve impulsionar os setores mais cíclicos em 2024", concluem.

Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, o resultado do 4º trimestre deve mostrar um PIB estagnado, com queda dos investimentos, do setor de serviços e do agronegócio.

"Nossa previsão é de um PIB entre -0,1% e 0%. A indústria deve se recuperar um pouquinho, subindo 0,5%, e os serviços devem desacelerar para 0,3%, o que é complicado, já que esse setor representa quase 70% do PIB. A agropecuária deve cair 1%, e mostrar um cenário diferente dos outros semestres, quando contribuiu para o resultado positivo", diz.

Em relatório, o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, projeta um crescimento de 2,9% em 2023, com retração de 0,1% no último trimestre do ano. A recuperação dos gastos e bens e serviços nos últimos meses do ano explicam o resultado positivo no ano para o economista.

"Após dados fracos no mês de outubro, os indicadores mensais do IBGE de novembro e nosso indicador diário de atividade (IDAT- Atividade) de dezembro apontaram para uma recuperação dos gastos com bens e serviços nos últimos dois meses do ano", afirma Mesquita.

Na mesma linha, Gabriel Couto, economista do Santander Brasil, estima uma ligeira contração no resultado de sexta-feira, com destaque negativo para o agro e o setor de serviços.

Por sua vez, Couto destacou que, ao olhar para o consolidado do ano, é possível indicar uma elevada resiliência da economia brasileira em um ano de taxa de juros alta.

"Vemos a força do mercado de trabalho e registamos as contribuições da agricultura e da mineração como os principais determinantes destes resultados. No lado negativo, esperamos que os investimentos fixos fechem o ano com queda de 3,0%", escreveu o economista em relatório.

Apesar de a maioria dos bancos estimarem uma queda do agro no último trimestre do ano, o setor deve crescer 16% no ano, com uma leve retração no trimestre atual, sendo responsável por um terço do crescimento da economia agregada.

Governo espera alta de 3% no ano

As estimativas do governo estão em linha com as do mercado. Segundo o 5º Boletim Macrofiscal, divulgado em novembro de 2023, o Ministério da Fazenda espera um crescimento anual de 3%, com um resultado estável no quatro trimestre.

"A perspectiva é de retomada da atividade no quatro trimestre, motivada pelo crescimento de alguns subsetores menos sensíveis ao ciclo e pela resiliência do consumo das famílias, em função do aumento da massa de renda real do trabalho e das melhores condições no mercado de crédito", aponta.

Entre as previsões mais otimistas, o banco francês BNP Paribas espera uma alta 0,1%, com o resultado anual de 3,1%. O avanço da economia no ano, melhor que o esperado, é apontado pelo resultado positivo do agronegócio.

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