Economia

PIB da China cresce 7,4% no 3º tri, mais lento desde de 2009

Os dados ficaram em linha com as expectativas de especialistas de mercado

Funcionários trabalham em área residencial demolida, em Xangai, na China (Aly Song/Reuters)

Funcionários trabalham em área residencial demolida, em Xangai, na China (Aly Song/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2012 às 10h25.

Pequim - A economia da China desacelerou pelo sétimo trimestre seguido entre julho e setembro, ficando aquém da meta do governo pela primeira vez desde o pior da crise financeira global, mas outros dados divulgados nesta quinta-feira indicaram uma leve recuperação no final do ano.

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,4 por cento no terceiro trimestre ante o mesmo período do ano anterior, informou o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), em linha com as estimativas de economistas consultados pela Reuters.

Os dados de produção industrial, vendas no varejo e de investimento ficaram todos ligeiramente acima das estimativas e o crescimento do PIB na comparação com o trimestre anterior foi forte, sugerindo que o pior pode ter acabado e que a segunda maior economia do mundo vai acelerar no último trimestre --conforme uma transição de liderança que acontece uma vez por década ocorre em Pequim.

Isso tudo resultou em um crescimento econômico anual de 7,7 por cento nos nove primeiros meses do ano, colocando a China no caminho para atingir ou superar a meta oficial do governo para 2012 de 7,5 por cento.

"Temos crescimento de 7,7 por cento em setembro, o que deu uma sólida fundação para alcançar a meta de crescimento para o ano todo. Portanto estamos confiantes de que podemos alcançar crescimento de 7,5 por cento no ano ou mais", disse o porta-voz do NBS, Sheng Laiyn, em entrevista à imprensa.

Embora um crescimento do PIB de 7,4 por cento seja motivo de comemoração em economias desenvolvidas afetadas pela recessão, isso representa uma forte desaceleração para a China, onde o PIB cresceu 9,2 por cento em 2011 e teve uma taxa média anual de cerca de 10 por cento por três décadas.

Os investimentos em ativo fixo subiram 20,5 por cento entre janeiro e setembro ante o ano anterior, acima da estimativa de 20,2 por cento, embora ainda abaixo dos 25 por cento vistos na maior parte do ano passado.

O consumo também acelerou, com as vendas no varejo em setembro crescendo 14,2 por cento na comparação anual, ante estimativa de 13,2 por cento, o que seria inalterado ante agosto.

O crescimento da produção industrial atingiu 9,2 por cento, ligeiramente acima da previsão de 9,0 por cento e dos 8,9 por cento de agosto.


Alerta

A maior surpresa para cima nos dados também deu o maior alerta --uma alta de 2,2 por cento no PIB do terceiro trimestre na comparação com os três meses anteriores, indicando uma taxa de crescimento anualizada de 8,8 por cento. Isso ficou bem acima da expansão trimestral de 1,8 por cento do segundo trimestre, nível que investidores esperavam que se mantivesse.

"Os dados do trimestre sobre o trimestre anterior foram no passado em muitas ocasiões difíceis de ajustar e díficeis de replicar", disse o economista-chefe do Nomura Zhang Zhiwei.

"Para mim é um pouco intrigante que o terceiro trimestre na comparação com o anterior tenha melhorado tanto. Eu não tiraria muitas conclusões sobre isso", completou.

O investimento em imóveis, que afeta 40 outros setores empresariais --de cimentos a aço e móveis-- foi também uma área de incertezas para os economistas.

O setor cresceu 15,4 por cento nos nove primeiros meses de 2012 ante o ano anterior, desacelerando ante um aumento anual de 15,6 por cento entre janeiro e agosto.

Por sua vez, o crescimento das vendas de terrenos desacelerou para 4,9 por cento em setembro ante o ano anterior, forte queda ante os 20,4 por cento de agosto, de acordo com cálculos da Reuters baseados nos dados do NBS. E a construção de novas moradias caiu 8,6 por cento nos nove primeiros meses do ano, acelerando a queda de 6,8 por cento entre janeiro e agosto.

"Ainda existe alguma incerteza em relação ao setor imobiliário. Esse é um setor crítico, representando 27 por cento do investimento (total) e é provavelmente aí que está a incerteza no momento", disse Zhang, acrescentando que no entanto estão claros os sinais de uma recuperação visível do PIB no quarto trimestre.

Meta de crescimento

O número do PIB no terceiro trimestre representou a primeira vez em que a meta oficial não foi atingida desde os 6,5 por cento no primeiro trimestre de 2009.

O governo busca crescimento de 7,5 por cento para o ano todo --meta reduzida em 2012 ante a anterior de 8 por cento-- e a previsão de economistas consultados pela Reuters é de que o país alcançará esse número, com uma expansão de 7,7 por cento.

O primeiro-ministro, Wen Jiabao, afirmou na quarta-feira, segundo a mídia local, que a situação econômica no terceiro trimestre foi relativamente boa, e que o governo está confiante em alcançar seu objetivo.


Economistas dizem haver clara evidência de que as torneiras de liquidez do sistema financeiro foram abertas e que as políticas de ajuste --mantra de Pequim por um ano agora-- estão funcionando.

O ajuste inclui dois cortes da taxa de juros, três reduções da taxa de compulsório --liberando estimados 1,2 trilhão de iuanes (190 bilhões de dólares) para empréstimos-- e aprovações no mês passado de projetos de infraestrutura avaliados em 157 bilhões de dólares, embora Pequim não tenha explicado de onde vem o dinheiro para financiá-los.

E investidores devem esperar ainda ver mais medidas para sustentar a recuperação que a nova liderança do Partido Comunista --a ser apresentada em um congresso no próximo mês -- vai querer cementar.

O economista do Bank of America/Merrill Lynch Ting Lu acha que corte de 1 ponto percentual na taxa de compulsório até o final do ano pode vir junto com mais aceleração agressiva de novas aprovações de projetos de infraestrutura e construções mais rápidas de projetos existentes.

"Com a poeira política quase assentada, as autoridades vêm mudando seu foco para estabilização do crescimento econômico e mercados financeiros", escreveu Lu em nota a clientes.

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