Economia

PIB da agropecuária cresce com recorde do café e milho

No segundo trimestre, o PIB da Agropecuária havia crescido 4,9%, após encolher 5,9% nos primeiros três meses do ano


	Colheita de milho no Rio Grande do Sul: o instituto destacou o incremento da produção do café e do milho --os dois produtos registraram safras recordes em 2012
 (Delfim Martins/EXAME.com)

Colheita de milho no Rio Grande do Sul: o instituto destacou o incremento da produção do café e do milho --os dois produtos registraram safras recordes em 2012 (Delfim Martins/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2012 às 13h26.

São Paulo - O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária do Brasil cresceu 3,6% no terceiro trimestre deste ano ante igual período de 2011, mantendo a recuperação registrada no trimestre anterior, beneficiado por café e grãos, apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desta sexta-feira.

Na comparação com o segundo trimestre do ano, o crescimento foi de 2,5%.

No segundo trimestre, o PIB da Agropecuária havia crescido 4,9%, após encolher 5,9% nos primeiros três meses do ano, segundo dados divulgados em agosto. Nesta manhã, o IBGE revisou o crescimento do segundo trimestre do PIB agrícola para 6,8 % e a queda no primeiro trimestre para 7,7%.

O PIB do país cresceu 0,6% no terceiro trimestre, muito abaixo do esperado pelo mercado. A agropecuária teve melhor desempenho se comparada à indústria (1,1%) e à estagnação no setor de serviços.

"Este resultado pode ser explicado pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no terceiro trimestre e apresentaram crescimento da produtividade...", apontou o IBGE em comunicado.

O instituto destacou o incremento da produção do café e do milho --os dois produtos registraram safras recordes em 2012.

As estimativas para a silvicultura e exploração florestal também apontam para um bom desempenho dessa atividade no terceiro trimestre.

Em contrapartida, o IBGE apontou queda na produção de cana-de-açúcar, mandioca e laranja, cujas safras também são significativas no período.


Avaliação

"Foi um desempenho satisfatório, e o que contribuiu muito para este desempenho favorável foi a soja, que teve melhor contribuição em termos de receita, e o milho", ressaltou Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.

No caso do café, ele explica que a contribuição ao PIB do setor se deu mais em termos de volume do que de preços, uma vez que a cultura está em seu ano de alta no ciclo bianual de produção.

Ele explica que soja, milho, café e cana são as quatro culturas de mais peso no PIB agrícola.

"Houve melhora no desempenho das lavouras permanentes (café, por exemplo), mas eu considero que o realce, o destaque está no desempenho dos grãos", disse Silveira, sobretudo pelos preços.

"Temos que analisar a evolução do PIB sob a ótica de volume e de preço... Sob volume, houve evolução do café, porque é um ano de safra gorda, mas do ponto de vista de preço a média foi menor que no ano passado. A receita do café subiu sobretudo pelo volume", afirmou.

Ele ponderou que a receita da cana também cresceu pouco, porque, a exemplo do café, o preço também teve uma queda relativamente importante.

A pesquisadora do Cepea/Esalq, centro de pesquisas da Universidade de São Paulo, Adriana Ferreira Silva, aponta uma melhora do desempenho "dentro da porteira", ou seja do segmento primário da agropecuária, com uma aceleração de preços de grãos.

"Dentro da porteira, no último trimestre vimos um crescimento, preços acelerando... em especial dos grãos, e aí vem a influência do mercado internacional, em função da seca", disse a pesquisadora, observando que esta aceleração puxou o desempenho do segmento primário e o de insumos.

Os Estados Unidos, maiores produtores globais de soja e milho, sofreram os efeitos da pior seca em mais de meio século em 2012.

Já no Brasil, segundo a pesquisadora, a alta nos preços foi reforçada pela quebra das safras de soja, trigo e algodão. "É isso que temos visto, volumes em baixa e preços acelerando no último trimestre", explicou.

A safra de milho, contudo, apresentou volumes melhores no trimestre por conta da entrada no mercado da segunda safra do cereal, que é semeada no início do ano.

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