Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de março de 2022 às 19h11.
Última atualização em 4 de março de 2022 às 19h45.
O desempenho da economia brasileira em 2021 foi frustrante na comparação ao de outras nações, embora tenha sido suficiente para recuperar as perdas registradas durante a pandemia, avalia Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating.
Conforme divulgado na manhã desta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o produto interno bruto (PIB) do Brasil cresceu 4,6% em 2021, frente ao ano anterior. Com isso, o país ocupou a 21ª posição de um ranking da Austin Ratings que considera o ritmo de crescimento de 34 países que apresentaram seus resultados.
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"As expectativas para o PIB do Brasil de 2021 eram bem melhores no início do ano passado. Não é um resultado ruim, já que recupera boa parte do que foi perdido. O problema é que o Brasil mesmo crescendo 4,6%, permanece longe de seus concorrentes diretos", diz Agostini.
De acordo com o levantamento, o crescimento médio dos 34 países analisados foi de 5,7% em 2021, acima do desempenho da economia brasileira.
A lista do PIB de 2021 foi liderada pelo Peru, com crescimento de 13,3%. Outro sul-americano em destaque foi a Colômbia, com alta de 10,7%.
Também no topo do ranking chama a atenção a presença de Índia e China, integrantes ao lado do Brasil do bloco do Brics — acrônimo para Brasil, Rússia, China e Índia.
O PIB chinês cresceu 8,1% no ano passado, ritmo bastante próximo ao da Índia (alta de 8,2%), segundo o levantamento.
Agostini explica que o Brasil aparece historicamente do meio para o fim da tabela de crescimento global. De 2012 a 2021, o ritmo médio de crescimento brasileiro foi 0,4% ao ano. No mesmo período, o mundo cresceu 3%. Mesmo países desenvolvidos cresceram mais, 1,2% ao ano no período. "Como pode um país emergente crescer tão pouco? Temos um problema político, um olhar só de curto prazo, o que explica estarmos sempre com problema fiscal. O custo disso é um problema social enorme, elevada taxa de desemprego e renda baixa. Política pública precisa ser revista", afirma.
Para o economista, o cenário para 2022 não parece promissor, com perspectiva de alta de apenas 0,3% do PIB na estimativa da Austin Ratings. O baixo crescimento é motivado por taxa de juro alta e inflação elevada, além do problema fiscal e da guerra entre Rússia e Ucrânia.
"A guerra pode afetar o agronegócio no Brasil por causa dos fertilizantes. O setor tem uma cadeia produtiva muito grande. Quando colhe soja e milho, precisa transportar para algum lugar. Caminhões, portos, aeroportos acabam afetados indiretamente", avalia Agostini.
Em relação ao ranking de tamanho do PIB em dólares, a Austin confirma que o Brasil ficou na posição de 13ª maior economia do mundo ao fim de 2021. O Brasil chegou a ocupar a sétima posição do ranking antes da sucessão de crises.
Para o próximo ano, a expectativa é que o país recupere a 12ª posição do ranking global.