Economia

Petroleiros pedem à Justiça que suspenda o megaleilão do pré-sal

A categoria alega danos ao patrimônio público e falta de suporte legal ao leilão que está marcado para ocorrer nesta quarta-feira (6) no Rio de Janeiro

Petróleo: megaleilão dos campos do pré-sal está marcado para ocorrer na próxima quarta-feira (Benjamin Lowy/Getty Images)

Petróleo: megaleilão dos campos do pré-sal está marcado para ocorrer na próxima quarta-feira (Benjamin Lowy/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de novembro de 2019 às 19h01.

Um grupo de petroleiros entrou com uma ação popular pedindo a suspensão do megaleilão do pré-sal, marcado para esta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro. A petição enviada à Justiça Federal de São Paulo em 30 de outubro fala em danos ao patrimônio público e falta de suporte legal ao leilão. Segundo os autores, a Lei de Cessão Onerosa e a Lei 12.351 - Marco do Pré-Sal - não tratam, por exemplo, da possibilidade de entrada de novas empresas nas áreas cedidas à Petrobras em 2010.

"O prejuízo ao País é absolutamente incalculável. É inusitado que qualquer nação do planeta tenha leiloado petróleo encontrado. Isso é como jabuticaba: só o Brasil está fazendo", disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, João Antonio Moraes, dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo.

Os autores ressaltam que o contrato de cessão onerosa foi criado para capitalizar a Petrobras e não prevê a transferência de participação em ativos a outras empresas. "Assim, o Contrato não prevê a revisão da titularidade da cessionária, mesmo porque seria um contrassenso. O processo de cessão onerosa foi concebido para capitalizar a Petrobras, oferecendo exclusivamente à estatal as vantagens decorrentes desse processo", diz a petição.

Segundo os autores, também não há previsão legal que permita a licitação de blocos coincidentes com campos já declarados comerciais sob o regime de cessão onerosa. O texto enviado à Justiça destaca o que classifica de falhas na Lei 12.351 que podem fazer com que essa rodada gere significativo dano ao patrimônio público: a falta de um porcentual mínimo de excedente em óleo a ser efetivamente destinado à União e a falta de um limite para recuperação dos custos por parte dos contratados.

Representantes dos petroleiros, os advogados Maximiliano Garcez e Rodrigo Salgado, do escritório Advocacia Garcez, afirmam que o leilão do excedente da cessão onerosa sob o regime de partilha de produção "trará dano irreparável ou de difícil reparação ao patrimônio público, restando, ainda, desatendidas as normas legais e constitucionais que atualmente destinam-se a assegurar ao Estado os direitos sobre os recursos naturais objeto da presente ação, bem como sua exploração com as devidas garantias e salvaguardas econômicas".

Além de Moraes, são autores da ação Luiz Felipe Miranda Grubba, Mario Alberto Dal Zot e Fernando Siqueira, da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet). No polo passivo da ação estão a União Federal, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e seu presidente Décio Oddone, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

"Passa por várias questões: ter uma empresa nacional produzindo é fundamental para a economia brasileira, as isenções (fiscais) que levarão o erário público a ter um grande prejuízo, a questão do desenvolvimento nacional porque as empresas estrangeiras não estão investindo na cadeia produtiva do País e até a questão ambiental", argumenta Moraes.

No pedido de liminar, os advogados solicitam a suspensão da rodada até o julgamento do mérito da ação e a fixação de multa de R$ 1 milhão por dia em caso de descumprimento da medida. O objetivo final da ação é que seja declarada a ilegalidade de resoluções do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que definiram as regras do leilão e tornado nulo o edital do megaleilão do pré-sal.

Um outro ponto levantado na ação é que o regime de arrecadação seria prejudicado pelas renúncias ficais de impostos federais como IRPJ e CSLL, que poderiam somar R$ 223 bilhões na produção dos excedentes da cessão onerosa e mais de R$ 1 trilhão no conjunto da produção nacional.

Os petroleiros consideram que as perdas financeiras serão ainda maiores, já que "o excedente em óleo para a União, que deveria ser a principal fonte de receita do Fundo Social, será irrisório assim como as receitas para as áreas de educação e saúde, especialmente nos primeiros anos de produção".

Acompanhe tudo sobre:LeilõesPetrobrasPetróleo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto