Economia

Petrobras eleva refino novamente em junho e exportação de petróleo cai

Exportações de petróleo somaram 2,86 mi de toneladas em junho, queda de 24,3 por cento ante maio e recuo de 53,8 por cento em relação a um ano antes

Petrobras: estatal vem reiterando que não tem poder de formação de preços dos combustíveis, os quais oscilam ao sabor das condições de mercado (Germano Lüders/EXAME/Exame)

Petrobras: estatal vem reiterando que não tem poder de formação de preços dos combustíveis, os quais oscilam ao sabor das condições de mercado (Germano Lüders/EXAME/Exame)

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Reuters

Publicado em 11 de julho de 2018 às 16h15.

Rio de Janeiro - A Petrobras elevou ainda mais o nível de utilização de suas refinarias em junho, causando uma queda expressiva das exportações de petróleo pelo Brasil, disse a petroleira estatal à Reuters em uma resposta por e-mail, ao retomar participação de mercado interno na oferta de combustíveis.

As exportações de petróleo do país somaram 2,86 milhões de toneladas em junho, queda de 24,3 por cento ante maio e recuo de 53,8 por cento em relação a um ano antes, apontaram dados oficiais do governo federal.

O movimento ocorre ainda em meio a uma queda das importações de diesel, combustível mais consumido do Brasil.

As compras externas do combustível fóssil, no sexto mês do ano, somaram 688.903 metros cúbicos, uma queda de 45 por cento ante junho de 2017 e um recuo de 8,8 por cento em relação a maio, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Analistas de mercado e importadoras vêm afirmando que a Petrobras está praticando preços abaixo da paridade de importação, desestimulando as importações por empresas concorrentes.

"Olhando a tendência ao longo do último mês, no máximo dois meses atrás, a gente vê que tanto gasolina quanto diesel, principalmente a gasolina, eles começaram a cobrar um preço abaixo da paridade... Esses aspectos devem estar desestimulando as importações", disse o analista de petróleo da Tendências, Walter De Vitto.

A petroleira não ofereceu detalhes sobre o fator de utilização de suas refinarias, que juntas têm capacidade para processar 2,176 milhões de barris por dia (bpd) no país.

A Reuters publicou em junho, com uma fonte da Petrobras com conhecimento do tema, que o fator de utilização das refinarias da empresa já havia subido para 85 por cento entre abril e maio, ante 67 por cento no fim de 2017.

O cenário de aumento do refino ocorre ainda em meio a um recuo, no acumulado do ano até maio, de 0,6 por cento nas vendas de diesel pelas distribuidoras e queda de 11,1 por cento nas de gasolina, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

No mesmo período, as vendas de todos os combustíveis caíram 1,1 por cento.

Alexandre Szklo, professor de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, afirmou à Reuters que a demanda de combustíveis ainda sofre impactos da economia do país, que vem da pior recessão em décadas.

Também contribuiu com a queda acumulada das vendas uma greve histórica de caminhoneiros em maio contra os altos valores do diesel, que após o lançamento de uma nova política de preços da Petrobras, em 2016, deveriam ficar acima da paridade de importação, seguindo indicadores internacionais.

A Petrobras vem reiterando que não tem poder de formação de preços dos combustíveis, os quais oscilam ao sabor das condições de mercado. E afirmou em e-mail à Reuters, na semana passada, que o aumento da utilização de suas refinarias é devido a um crescimento da demanda por seus produtos.

"O recente aumento de demanda por produtos refinados no mercado brasileiro causou um maior refino de petróleos nacionais no mês de junho/2018 em relação ao mês de maio/2018. Dessa forma, houve a consequente diminuição da exportação (de petróleo) nesse período", disse a Petrobras.

Importações em queda

Importadores independentes de combustíveis alegam estar encontrando dificuldades de permanecer em operação no Brasil, acusando a Petrobras de praticar preços abaixo da paridade de importação.

O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que representa nove companhias independentes, Sérgio Araújo, afirmou à Reuters que as empresas investiram recentemente em infraestrutura, mas não estão encontrando meios de obter rentabilidade devido aos preços.

A Abicom diz que o programa de subsídio ao diesel, lançado pelo governo no mês passado como forma de atender às demandas dos caminhoneiros, também está impedindo importações de combustíveis.

Por meio do programa, o governo reduziu os preços do combustível e está ressarcindo refinarias e importadoras em até 30 centavos por litro, dependendo de condições de mercado.

"Importadoras independentes, de modo geral, interromperam as atividades de importação porque elas estão inviáveis, já que o preço tabelado pelo governo está abaixo da paridade de importação", disse Araújo, que está à frente da associação, criada no ano passado, em meio a recordes de importação.

 

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