Economia

Petrobras deve seguir sem concorrência em importações

Segundo especialistas, o surgimento de novos importadores de combustíveis no Brasil, além da Petrobras, é impossível


	Petrobras: novos importadores poderiam se indispor comercialmente com a estatal
 (Pedro Lobo/Bloomberg News)

Petrobras: novos importadores poderiam se indispor comercialmente com a estatal (Pedro Lobo/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2015 às 14h57.

Rio de Janeiro - É improvável o surgimento de novos grandes importadores de combustíveis no Brasil, além da Petrobras, apesar das condições de preços favoráveis para importações de diesel e gasolina no momento, segundo especialistas.

Isso porque a logística de distribuição no país é dominada pela Petrobras e novos importadores poderiam se indispor comercialmente com a estatal, perdendo contratos de fornecimento no futuro, segundo especialistas e analistas de bancos.

Além disso, importadores ainda correriam riscos ao ter que lidar com preços controlados pelo governo, que eventualmente poderia aproveitar o cenário de cotações mais baixas do petróleo para determinar uma redução nos valores dos derivados nas refinarias da Petrobras.

Já houve importações por outras empresas em outros momentos da história, mas o volume nunca foi elevado, lembrou uma fonte do mercado, que preferiu não se identificar.

"A gente já teve janela de importações anteriores, em 2010, 2011, de diesel, e o que se via chegando no Brasil era um barco por mês, dois barcos por mês, se olhar na participação de mercado chegava a 1 por cento, 1,5 por cento, não é nada além disso", disse.

A queda contínua do preço do barril do petróleo fez com que o prêmio dos combustíveis no país em relação aos preços praticados no exterior fosse para 60 por cento para a gasolina e 49 por cento para o diesel, segundo cálculos recentes do banco HSBC. Isso depois de a Petrobras vender por anos combustíveis mais baratos do que no exterior --os preços lá fora oscilam ao sabor da cotação da commodity, enquanto no Brasil são controlados.

Com o atual cenário, um importador de gasolina poderia ter uma margem de ganho de 18 por cento, considerando apenas a chegada ao Brasil, disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.

Entretanto, ele ponderou que "a política brasileira não segue a lógica de mercado internacional e isso cria um risco muito grande para o importador".

Segundo Pires, o governo pode alterar os preços a qualquer momento, e o importador perderia dinheiro. Já na relação com a Petrobras, em contratos firmados com a estatal, as distribuidoras têm garantias de suprimento, e a contrapartida é o histórico de volume, segundo a fonte de mercado que preferiu não se identificar. Segundo a fonte, não adianta a distribuidora querer aproveitar o momento para importar grandes volumes e criar um histórico negativo com a estatal, porque no momento em que os preços mudarem ela não terá mais essa garantia de suprimento.

O segmento que pode se beneficiar desse cenário, segundo Pires, são as pequenas distribuidoras de combustíveis, que vendem pequenos volumes, e que também não ameaçam Petrobras.

Possível redução de preços

Outro movimento que tem sido discutido pelo mercado seria uma possível decisão do governo de reduzir preços de combustíveis, abrindo caminho para o retorno da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), com foco no aumento da arrecadação.

Essa aventada redução de preços tem tido impacto negativo nas ações da estatal.

Procurada, a Petrobras respondeu, por e-mail, que "a política de preços da Petrobras visa não repassar a volatilidade dos preços internacionais ao consumidor doméstico, seja para mais ou para menos." Em linha com essa resposta, o Itaú BBA e o UBS afirmaram nesta quarta-feira considerarem improvável que o governo toque nos preços de diesel e de gasolina, pelo menos no curto prazo.

"Para começar, o argumento de não aumentar os preços no passado tem sido de não passar a volatilidade de curto prazo para o mercado interno, e ainda não está claro se e por quanto tempo os preços do petróleo permanecerão tão deprimidos", afirmou a analista do Itaú BBA Paula Kovarsky.

Os preços do petróleo Brent atingiram recentemente uma mínima de mais de cinco anos, um pouco acima de 50 dólares o barril, com preocupações sobre a oferta excedente no mercado global.

Outros bancos, no entanto, ainda consideram a possibilidade de redução de preços no Brasil, como o HSBC e o BTG Pactual. "A chance de um corte de preço na refinaria, para uma volta da Cide, é maior do que o mercado imagina", afirmou o BTG Pactual em carta a clientes nesta quarta-feira.

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