Para a médica, as jovens precisam se conscientizar, para impedir essa prática, mesmo reconhecendo o medo de se rebelar, diante da imposição masculina (MAINDRU PHOTO/ Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2012 às 18h18.
Segóvia - Vencedora do Prêmio Príncipe das Astúrias em 1998, a nigeriana Olayinka Koso-Thomas, defende que a mutilação genital na África está vinculada à falta de informação da população, mas, também a razões econômicas, já que para muitas mulheres esta pode ser sua única forma de sobrevivência.
Segundo a médica e ativista social, que recebeu a honraria por defender a dignidade da mulher, há avanços em sua luta, mas é preciso ir ainda mais adiante.
Em entrevista à Agência Efe, em Segovia, onde abriu nesta sexta-feira o 2º Encontro com Mulheres que Transformam o Mundo, Koso-Thomas citou o exemplo de Serra Leoa, que reduziu consideravelmente o índice de mulheres submetidas à mutilação genital, graças à busca de recursos econômicos para a população feminina.
A ativista revelou que foi vítima de ataques verbais, físicos e psicológicos por conta de seu trabalho, inclusive por parte de mulheres que ainda acreditam que suas filhas precisam ser mutiladas, pois se isso não acontecer, nenhum homem irá querer casar com elas.
Apesar de admitir que as pressões estão menores, ela admitiu que o problema irá demorar entre 20 e 25 anos para ser resolvido. Koso-Thomas lembrou do horror que presenciou em um hospital de Freetown, em Serra Leoa, onde viu adolescentes e mulheres morrendo durante a mutilação.
Para a médica, as jovens precisam se conscientizar, para impedir essa prática, mesmo reconhecendo o medo de se rebelar, diante da imposição masculina.
Olayinka Koso-Thomas lembrou que os presidentes africanos assinaram acordo na convenção das Nações Unidas contra o abuso infantil. Contudo, ela afirmou que quando voltaram a seus países encontraram dificuldades para inseri-la nas legislações nacionais.
Em Serra Leoa, de acordo com a médica, foi regulamentado que a mutilação genital feminina só poderia ser feita em mulheres maiores de 18 anos. Mesmo assim, ela destacou que há denúncias de que a prática seja feita em meninas de 14 anos.