Fórum Econômico: média dos empresários confiantes mais que dobrou entre o ano passado e este ano (Jolanda Flubacher/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 10h39.
Davos - Executivos brasileiros estão entre os mais otimistas do mundo quanto ao futuro de seus negócios, mas poucos pretendem contratar neste ano, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 16, pela PricewaterhouseCoopers (PwC) no âmbito do Fórum Econômico Mundial em Davos, nos Alpes suíços.
Espantosos 57% (a palavra original é "astonishing") estão "muito confiantes no crescimento de sua companhia nos próximos 12 meses", de acordo com o relatório.
Na média global, só 38% dos entrevistados mostraram a mesma confiança. No Brasil, no ano passado, só 24% deram essa resposta.
Quando o prazo é alongado para três anos, 79% - 25 pontos mais que na pesquisa anterior - apostam no crescimento. A média global, nesse quesito, ficou em 51%.
O País continua entre os mais atrativos para o investimento estrangeiro, mas perdeu várias posições nessa lista nos últimos anos.
Em 2011, 19% dos consultados apontaram o Brasil como um bom lugar para investir. Os primeiros cinco eram China (39%), Estados Unidos (21%), Brasil (19%), Índia (18%) e Alemanha (12%).
O País está hoje fora da lista dos cinco primeiros. Estados Unidos (43%) passaram à liderança, seguidos de China (33%), Alemanha (17%), Reino Unido (15%) e Japão (8%). Índia e Brasil aparecem depois, cada um com 7%.
Os autores do relatório chamam a atenção para o recuo dos emergentes, por muito tempo apontados como lugares ideais para expansão dos negócios, e para o retorno das grandes economias capitalistas ao topo da lista.
O caso do Reino Unido é especialmente notável, por causa das "consideráveis incertezas" vinculadas à negociação de sua saída da União Europeia.
A China aparece como exceção, ainda em segundo lugar, embora tenha perdido terreno, entre os investidores, por causa de seus problemas com uma "preocupante" bolha de endividamento (referência implícita a setores empresariais e a governos subnacionais).
A explicação do recuo da Índia aparece em tom mais hipotético. Há referências à lenta execução de seu programa de reformas e a dificuldades de curto prazo no programa de conversão da rupia.
Mas a economia indiana, acrescentam os analistas, mantém crescimento robusto e exibe reformas fiscais e monetárias.
A queda do Brasil na classificação é vinculada a uma "recessão profunda", mas o comentário é completado com um pitada de otimismo: as coisas estão começando a mudar.
Apesar do otimismo quanto ao crescimento de suas companhias, a maior parte dos executivos brasileiros mostra prudência nos planos.
Quase todos (90%) falaram de "crescimento orgânico" nos 12 meses seguintes, enquanto 86% mencionaram planos de redução de custos. Só 36% mencionaram a intenção de ampliar o quadro de pessoal neste ano e 26% falaram em demissões.
Os perigos apontados pelos executivos brasileiros já apareceram em várias pesquisas. Na área de política econômica, 88% citaram excesso de regulação, 86% mencionaram possível aumento de pesos dos tributos, 81% apontaram infraestrutura inadequada. A incerteza quanto ao crescimento foi mencionada como um risco por 74% - um dado contrastante com a expectativa de progresso das companhias.
Na lista das ameaças típicas da vida empresarial, 69% apontaram em primeiro lugar a disponibilidade de mão de obra com as competências-chave, um problema também citado de forma recorrente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.