54% dos empresários do Nordeste desejam aumentar os investimentos em equipamentos, enquanto a prioridade para 58% dos executivos do Sul é o investimento em pesquisa e desenvolvimento (Reprodução/Agência Brasil)
Clara Cerioni
Publicado em 16 de novembro de 2018 às 16h10.
Última atualização em 16 de novembro de 2018 às 16h12.
São Paulo - O Brasil abriga realidades muito diferentes em um mesmo território, não à toa, as expectativas para o próximo ano também são bastante distintas, dependendo da região do país.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Deloitte com executivos de 826 empresas de 32 segmentos econômicos, 56% dos entrevistados do Sudeste (exceto São Paulo) pretendem incentivar o treinamento de funcionários em 2019, contra a média brasileira de 49%.
Já 54% dos empresários do Nordeste desejam aumentar os investimentos em equipamentos, enquanto a prioridade para 58% dos executivos do Sul é o investimento em pesquisa e desenvolvimento.
Na contramão do restante do país estão 44% dos empresários do Norte e do Centro-Oeste que não devem capitalizar seus negócios no ano que vem.
Essas realidades distintas também aparecem no que os entrevistados consideram como prioridade na agenda do próximo governo. Para 72% dos empresários do Nordeste, a equipe de Jair Bolsonaro deve focar no combate à corrupção (contra 62% do Brasil), enquanto para 80% dos executivos do Sudeste o mais importante é o investimento em segurança pública, no que se refere a medidas de investimentos sociais.
Já na região Sul, o ajuste fiscal surge como a principal medida de impacto na gestão pública com 70% das respostas (contra 61% na média nacional). Por sua vez, nas regiões Norte e Centro-Oeste, a prioridade de Bolsonaro deve ser o estímulo à geração de empregos.
Analisando os dados nacionalmente, quase a totalidade dos entrevistados (97%) pretende realizar investimentos ou implementar ações que desenvolvam os seus negócios em 2019.
As respostas indicaram que 60% vão lançar produtos ou serviços e 56% devem adotar novas tecnologias. Além disso, 49% dos executivos devem incentivar o treinamento e a formação de funcionários.
Os entrevistados também se mostraram preocupados com as transformações disruptivas em curso no mercado, daí que 37% pretendem incrementar as frentes de pesquisa e desenvolvimento de produtos e/ou serviços e 30% devem substituir e/ou adquirir novas máquinas e equipamentos.
Nesse sentido, 69% acreditam que as vendas devem aumentar no ano que vem (outros 16% apostam em manter o patamar de 2018).
“A tendência é que o consumo deverá crescer em 2019, sem que isso implique em aumento da inflação, pois a indústria está operando abaixo da sua capacidade instalada”, explica Othon Almeida, sócio-líder de market development da Deloitte. “É importante que o Brasil tenha uma agenda que vise o longo prazo, sem viés político”, acrescenta.
O levantamento foi realizado entre 29 de outubro e 5 de novembro, ou seja, logo após as eleições, e ouviu executivos de empresas, cuja soma das receitas corresponde a 43% do Produto Interno Bruto do país em 2017.
Nacionalmente, o empresariado apontou que a equipe de Bolsonaro deve priorizar a aprovação, no Congresso Nacional, das reformas tributária (apontada por 93% dos entrevistados), previdenciária (90%) e política (80%). Na quarta posição, ficou a revisão das leis trabalhistas, indicada por 36%.
Já no que se refere à atividade econômica, o foco deve ser estimular a geração de empregos – fator preponderante para o aumento da renda e do consumo —, seguida por manter a inflação abaixo dos 5% ao ano (58%) e implementar políticas que ampliem a participação do Brasil no comércio exterior (53%).
Na gestão pública, os líderes empresariais esperam que o novo governo priorize o combate à corrupção (item assinalado por 62%) e o ajuste fiscal das contas públicas (61%).
Além disso, esperam que o governo estimule a geração de empregos – fator preponderante para o aumento da renda e do consumo. Na sequência, aparecem como foco: manter a inflação abaixo de 5% ao ano (58%) e implementar políticas que ampliem a participação do Brasil no comércio exterior (53%).