Fábrica da Foxconn em Jundiaí: diante da situação da indústria, a CNI está revisando a avaliação sobre o ano de 2012 (Fabiano Accorsi/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 5 de julho de 2012 às 14h25.
Brasília - O emprego na indústria ficou estável na passagem de abril para maio, com crescimento de 0,1%. Na comparação com maio de 2011, houve queda de 0,5%. Os números estão na sondagem Indicadores Industriais, divulgada hoje (5) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A CNI anunciou hoje que o uso da capacidade instalada da indústria brasileira caiu em maio para 80,7% ante os 81% registrados em abril, de acordo com dados dessazonalizados (ajustados para o período). É o menor resultado desde setembro de 2009, quando foram registrados 80,6%.
“A queda na capacidade instalada tem a ver com a perda de demanda que o setor tem sofrido nos últimos meses. Os estoques estão desde o ano passado acima do planejado pelas empresas. Isso mostra que o esforço é para se ver livre dos estoques e só após isso estimular a produção e o equipamento instalado”, disse o gerente executivo da CNI, Flávio Castelo Branco.
Segundo ele, o setor que mostra, de forma clara, que ainda não houve a retomada da produção é o automobilístico, que vinha apresentando estoque acima do desejado e do planejado em virtude da redução da demanda e da inadimplência. Com as medidas do governo para estimular as vendas do setor, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), ainda não houve o aumento da produção, apenas das vendas.
Flávio Castelo Branco acredita que os dados deverão constar na pesquisa referente ao mês de junho. “A produção não reagiu ainda. Evidentemente, a indústria está buscando reduzir os estoques excessivos para, em um segundo momento, mantida a demanda, voltar a um ritmo de produção mais normal”, disse.
De acordo com os dados da CNI, a massa salarial real caiu 0,8% em maio ante abril, sem ajuste sazonal. Em relação a maio de 2011, o indicador, no entanto, cresceu 5,3%. O rendimento médio real também caiu, 1,3%, de abril para maio. A queda foi considerada um movimento não usual, já que, desde 2006, quando começou a série histórica, é a primeira vez que houve redução em um mês de maio ante abril.
As horas trabalhadas caíram 1,4% em maio ante abril (dados dessazonalizados), com queda de 2% no acumulado dos dois meses.
A situação na indústria preocupa 13 dos 19 setores avaliados pela CNI, mas a situação é pior nos de couros e calçados e de produtos de metal.
No caso do setor de couros e calçados, houve queda em todos os índices se a comparação for feita com 2011. A capacidade instalada, por exemplo, registrou redução de 4,6 pontos percentuais se comparada com a de maio do ano passado. Foram registradas ainda queda das horas trabalhadas (7,5%), do emprego (5,6%), da massa salarial (1,8%) e do faturamento real (3,2%).
O setor de produtos de metal se destacou por apresentar forte queda nas horas trabalhadas, com redução de 8,8% em relação a maio de 2011. O setor apresentou ainda redução do emprego de 9,9%, na mesma comparação. Em relação à capacidade instalada, a queda ficou em 1,6 ponto percentual.
Diante da situação da indústria, a CNI está revisando a avaliação sobre o ano de 2012. Segundo Castelo Branco a expectativa é que haja recuperação do crescimento da economia no segundo semestre, mas o índice deverá ficar abaixo dos 3% previstos até então pela entidade. “Teremos novas estimativas na semana que vem. Não sei dizer agora, mas com certeza será menor do que os 3% estimados anteriormente.”