Roma - A pesca ilegal e outras práticas nocivas ameaçam a sustentabilidade do setor que, em 2012, produziu 158 milhões de toneladas e forneceu quase 17% da ingestão de proteínas da população mundial, segundo afirmou nesta segunda-feira a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO).
"A pesca ilegal, não declarada e não informada, continua sendo uma das principais barreiras que temos para conseguir a sustentabilidade na pesca", explicou à Agência Efe Carlos Fuentevilla, responsável pelo setor de pesca da FAO.
"Mas se está trabalhando forte para tentar solucionar este problema", acrescentou.
Apesar da advertência, a FAO reconheceu hoje em seu relatório bienal sobre a situação mundial da pesca e da aquicultura que em 2012 se detectou um descenso na sobre-exploração das espécies em liberdade.
"Atualmente, menos de 30% das povoações de peixes em liberdade controladas regularmente pela FAO estão sobre-exploradas, o que representa uma inversão da tendência e um sinal positivo na direção correta", segundo o relatório.
"Pouco mais de 70% é explorado dentro dos níveis biologicamente sustentáveis", afirmou o estudo.
Desta porcentagem, completou a FAO, "as povoações plenamente exploradas, ou seja, aquelas muito perto ou em sua produção máxima sustentável, representam mais de 60%, enquanto as povoações subexploradas são cerca de 10%".
O relatório assinalou a importância do pescado como elemento nutritivo, que fornece quase 17% da ingestão de proteínas da população.
"Um porcentagem que pode superar 70% em alguns países insulanos e litorâneos, como no leste da África, no sudeste asiático e nas ilhas do Pacífico", explicou o funcionário da FAO.
Segundo a organização, "a proporção da produção pesqueira utilizada pelos seres humanos para alimentação aumentou de cerca de 70% no anos 80 para um nível recorde de mais de 85% (136 milhões de toneladas) em 2012".
Além disso, em 2012, cada habitante consumiu em média 19 quilos de pescado ao ano, frente aos 10 quilos da década de 60.
A produção mundial da pesca e aquicultura em 2012 (158 milhões de toneladas) superou em 10 milhões o número de 2010.
De acordo com o documento, a pesca e a aquicultura empregaram em 2012 cerca de 60 milhões de pessoas, 84% delas na Ásia e 4% na América Latina, onde 8,8 milhões de pessoas trabalharam em ambas as atividades econômicas, segundo Fuentevilla.
"Se notou uma queda na quantidade de pessoas que se dedicam à pesca e à aquicultura em países desenvolvidos", afirmou.
Por isso, disse, apenas 647 mil pessoas trabalharam no setor na Europa em 2012.
A produção mundial de aquicultura alcançou um recorde histórico de mais de 90 milhões de toneladas em 2012, incluídas quase 24 milhões de toneladas de plantas aquáticas, e a China representou, segundo os dados da FAO, mais de 60% do total.
América Latina foi responsável por 2,6 milhões de toneladas, ou 3,85% da produção mundial, enquanto a União Europeia produziu quase 1,3 milhões de toneladas, 1,89% do total, disse Fuentevilla.
A FAO lembrou que o papel da pesca terá um lugar de destaque na 2ª Conferência Internacional sobre Nutrição, organizada conjuntamente pelo organismo e a Organização Mundial da Saúde (OMS), que acontecerá de 19 a 21 de novembro em Roma.
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1. Tensão à mesa
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1/13 (Creative Commons/Flickr)
Todo ser vivo precisa de duas coisas para sobreviver:
água e
alimento. Mas nem sempre esses dois recursos vivem em harmonia no mundo. E é aí que mora o perigo. Um estudo feito pelo instituto americano World Ressource Initiative (WRI) indica que um quarto da agricultura mundial está em áreas que sofrem um forte estresse hídrico, ou seja, onde a demanda de água supera, em muito, a oferta. A análise destaca a tensão entre a disponibilidade de água e a produção de culturas agrícolas que estão entre as principais commodities e servem de base da segurança alimentar. Segundo o WRI, encontrar um equilíbrio entre esses dois recursos críticos será essencial, especialmente porque a população mundial não para de crescer – em 2050, seremos 9 bilhões de pessoas. Confira nos slides a seguir os alimentos que estão mais expostos ao estresse hídrico.
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2. Trigo
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2/13 (Fernando Frazão / Veja Rio)
Quase metade (43%) da produção mundial de trigo ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de trigo consome, em média, 1.827.000 litros de água por tonelada produzida.
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3. Milho
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3/13 (stock.xchng)
35% da produção mundial de milho ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de milho consome, em média, 1.222.000 litros de água por tonelada produzida.
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4. Laranja
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4/13 (Stock.xchng)
33% da produção mundial de laranjas ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de laranja consome, em média, 560.000 litros de água por tonelada produzida.
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5. Cana-de-açúcar
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5/13 (Divulgação)
31% da produção mundial de cana-de-açúcar ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de cana-de-açúcar consome, em média, 210.000 litros de água por tonelada produzida.
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6. Arroz
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6/13 (Divulgação)
29% da produção mundial de ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de arroz consome, em média, 1.673.000 litros de água por tonelada produzida.
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7. Canola
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7/13 (Dercilio/ Revista Saude)
26% da produção mundial de canola ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de canola consome, em média, 2.271.000 litros de água por tonelada produzida.
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8. Soja
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8/13 (Getty Images)
19% da produção mundial de soja ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de soja consome, em média, 2.145.000 litros de água por tonelada produzida.
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9. Aveia
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9/13 (Spencer Ritenour / Stock Xchng)
13% da produção mundial de aveia ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de aveia consome, em média, 1.788.000 litros de água por tonelada produzida.
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10. Café
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10/13 (Alex Silva)
10% da produção mundial de café ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de café consome, em média, 15.897.000 litros de água por tonelada produzida.
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11. Cacau
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11/13 (Stock Exchange)
5% da produção mundial de cacau ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de cacau consome, em média, 19.928.000 litros de água por tonelada produzida.
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12. Óleo de palma
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12/13 (Ulet Ifansasti/Getty Images)
5% da produção mundial de óleo de palma ocorre em áreas de alto a extremo estresse hídrico. Segundo o WRI, o cultivo de palma consome, em média, 1.098.000 litros de água por tonelada produzida.
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13. Abusos
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13/13 (Alexandre Battibugli)