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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h44.
Pelo quarto mês consecutivo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 16% ao ano, sem viés. Desde abril, a Selic está nesse patamar. A decisão tomada na noite desta quarta-feira foi unânime, e o motivo apontado foi a perspectiva para a trajetória da inflação.
As condições da economia internacional também são consideradas. Se há excesso de dinheiro no mercado internacional (liquidez internacional) ou se há falta de dinheiro. Se há muito ou pouco dinheiro circulando no mercado interno (liquidez interna) e também a necessidade de financiamento das contas públicas (se o governo tem pouco ou muito dinheiro em caixa para honrar seus compromissos).
Repercussão
Para o mercado, que já esperava a decisão, a manutenção da taxa indica que o BC ainda está preocupado com a trajetória da inflação. "Com a economia crescendo, as pressões inflacionárias estão mais elevadas e o BC manteve sua postura conservadora", afirma o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa.
A medida, porém, não comprometerá o crescimento do país neste ano. "A economia já está crescendo à revelia da Selic. Mesmo com os juros em 16% há alguns meses, o desempenho é mantido", diz o economista-chefe do Banco Santos, Marco Maciel. Segundo ele, a tendência é que o país acelere ainda mais no segundo semestre. Para Rosa, da Sul América, a expansão depende, hoje, muito mais do aumento dos investimentos do que da política de juros. "A manutenção da Selic não tem nenhum custo de curto prazo para a atividade do país", diz.
Para a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio ), a manutenção da Selic poderá implicar em redução no ritmo do crescimento da economia no segundo semestre. "A melhoria percebida na indústria e nas vendas do varejo neste ano deve-se, em grande parte, às condições mais favoráveis de crédito, após a queda da Selic. Com sua permanência em 16%, porém, as taxas cobradas no mercado tendem a ficar estáveis ou aumentar e o estímulo ao consumo, via crédito, poderá não ter a mesma evolução," afirma Abram Szajman, presidente da entidade. Para a Fecomercio, seria possível uma redução de 0,5 ponto percentual
Em nota à imprensa, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horacio Lafer Piva, tomou uma postura mais crítica quanto à mudança. "Estacionamos em um patamar anormalmente alto para os juros. Estamos perpetuando uma anomalia", afirma Piva. "Pior, os dirigentes do Banco Central vêm adicionando à sua decisão de manter os juros ameaças de fazê-los subir em futuro próximo." Para a Fiesp, o Banco Central deveria abandonar as suas ameaças de aumento de juros e reconhecer a relevância dos choques de oferta que a economia vem sofrendo.
2004 | |
Agosto | 16% ao ano |
Julho | 16% ao ano |
Junho | 16% ao ano |
Maio | 16% ao ano |
Abril | 16% ao ano |
Março | 16,25% ao ano |
Fevereiro | 16,5% ao ano |
Janeiro | 16,5% ao ano |
2003 | |
Dezembro | 16,5% ao ano |
Novembro | 17,5% ao ano |
Outubro | 19% ao ano |
Setembro | 20% ao ano |
Fonte: BC
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