Economia

Pedido da indústria de máquinas é o menor da história

O nível de utilização da capacidade instalada está em 73,97%, quando o ideal seria algo entre 86% e 90%


	O setor de máquinas e equipamentos - termômetro da indústria - sente os efeitos da lentidão na retomada dos investimentos
 (Andrey Rudakov/Bloomberg)

O setor de máquinas e equipamentos - termômetro da indústria - sente os efeitos da lentidão na retomada dos investimentos (Andrey Rudakov/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2013 às 09h07.

São Paulo - O setor industrial era considerado peça-chave para um crescimento mais forte em 2013 diante do arrefecimento do setor de serviços - motor da economia brasileira nos últimos anos. Mas a mudança de humor dos mercados nacional e internacional tem abalado a confiança dos empresários, e levado as empresas a postergar e a desistir de projetos.

O setor de máquinas e equipamentos - termômetro da indústria - sente os efeitos dessa lentidão na retomada dos investimentos. O nível de utilização da capacidade instalada está em 73,97%, quando o ideal seria algo entre 86% e 90%.

A carteira de pedidos é de 2,17 semanas, o menor nível da história, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Em setembro de 2008, no início da crise financeira internacional, a carteira estava em 4,46 semanas.

Os indicadores são preocupantes porque revelam que há uma grande ociosidade nas fábricas, resultado de uma baixa demanda pela produção em um setor responsável por abastecer as indústrias do País.

"Nunca tivemos uma carteira de pedidos tão baixa como em 2013", afirmou José Velloso, presidente executivo da Abimaq. "A situação mais crítica é a de produtos sob encomenda, principalmente os usados em infraestrutura." Dos 30 subsetores, só o de máquinas agrícolas está com crescimento expressivo.

De janeiro a maio, o setor de máquinas e equipamentos faturou R$ 30,812 bilhões, queda de 7,6% em relação ao mesmo período de 2012.

A importação tem uma parcela de responsabilidade nisso. Nesse período, houve avanço de 1,5%, para US$ 13,214 bilhões. Já as exportações recuaram 16,4%, para US$ 4,444 bilhões. "O grande problema é a perda de competitividade de toda a indústria de transformação", disse Velloso.


O primeiro trimestre de 2013 até trouxe boas notícias: a Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 4,6% ante o mesmo período de 2012. Mas o cenário mudou. A inflação em alta diminuiu o ímpeto do consumo. As manifestações deixaram o cenário político mais incerto, a confiança do empresário começou a cair.

O Índice de Confiança do Empresário da Indústria (Icei), divulgado na semana passada, mensurou o tamanho do pessimismo com a economia brasileira. O indicador caiu 4,9 pontos, para 49,9 pontos em julho, nível mais baixo desde abril de 2009, no auge da crise internacional.

"A atividade econômica não se materializou na intensidade que se esperava", disse Flávio Castelo Branco, gerente executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Os empresários paulistas estão ainda mais pessimistas. O Icei-SP registrou queda de 9,7% em julho. "O primeiro semestre foi abaixo daquilo que se esperava", afirmou José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "A perspectiva de aumento de investimento se deteriorou muito nas últimas quatro semanas."

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