Paulo Guedes, indicado por Bolsonaro para ser ministro da Fazenda, negou nesta terça-feira que planeje usar as reservas internacionais do país (Sergio Moraes/Reuters)
Reuters
Publicado em 30 de outubro de 2018 às 11h21.
Última atualização em 30 de outubro de 2018 às 14h33.
Rio de Janeiro - O economista Paulo Guedes, indicado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para ser ministro da Fazenda, negou nesta terça-feira que planeje usar as reservas internacionais do país, a não ser no caso de um "ataque especulativo" que fizesse o dólar atingir o patamar de 5 reais, situação em que poderia usar 100 bilhões de dólares.
Questionado sobre o uso das reservas, Guedes explicou que o tema foi abordado durante um "overshooting" da moeda norte-americana, que chegou a superar o patamar de 4,20 reais antes do primeiro turno da eleição presidencial.
"O que existe hoje sobre venda de 100 bilhões de dólares é que, se houver uma crise especulativa, não tem problema nenhum e vai acelerar nosso ajuste fiscal. Se o dólar vier para 4,50 ou 5 reais, vamos vender 100 bilhões dentro da política de esterilização", disse o economista a jornalistas ao chegar para encontro do núcleo do futuro governo com o presidente eleito.
O jornal Valor Econômico publicou nesta terça-feira que Guedes propôs a redução das reservas internacionais durante discussões internas da equipe do governo eleito, alegando que não faz sentido o Brasil manter nível tão elevado de reservas cambiais, principalmente porque o custo de carregamento é muito alto.
De acordo com os dados mais recentes do Banco Central, o estoque das reservas atual é de 381,7 bilhões de dólares.
Guedes, no entanto, destacou que a conversa ocorreu há mais de um mês e não se aplica ao momento atual.
"Isso (vender reservas) não vai se fazer... se houver crise especulativa nós não temos medo e pode vir. Se tiver crise especulativa e botarem o dólar a mais de 4 e perto de 5 reais, vamos reduzir dívida interna. Agora, vender reservas sem crise, para quê?", acrescentou.
O futuro ministro da Fazenda disse ainda que o governo de Bolsonaro vai trabalhar para aprovar no Congresso projeto para dar independência ao Banco Central, com diretores e presidente do BC com mandatos definidos e não coincidentes com o período do mandato do presidente da República.
"Os mandantes são não coincidentes e essa é a essência da independência", afirmou.
O economista também defendeu a permanência de Ilan Goldfajn como presidente do BC, dizendo que seria algo natural, mas acrescentou que essa possibilidade ainda não está definida.
Paulo Guedes aproveitou, ainda, para esclarecer declarações do futuro ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, que disse não ver necessidade de pressa para aprovar uma reforma da Previdência.
"Vocês estão assustados porque é político falando de economia, é o mesmo que eu sair falando de política. Não vai dar certo", disse.
O indicado para liderar a economia no próximo governo reiterou que realizar a reforma da Previdência é uma prioridade, lembrando que controlar os gastos públicos é uma necessidade para o país. Segundo ele, será proposta a criação de um novo regime previdenciário no modelo da capitalização, mas também é necessário corrigir erros do regime atual.
"Temos que controlar os gastos públicos, e o déficit está galopante... eu digo: aprovem a reforma da Previdência", afirmou. "Nós vamos criar uma nova Previdência com regime de capitalização, mas tem um Previdência antiga que está aí e é preciso consertar e corrigir os problemas da atual. Nossa Previdência é um avião com cinco bombas a bordo a explodir a qualquer momento."