Bilionários: no total, fortuna de US$ 8,9 trilhões está concentrada nas mãos de 2.158 pessoas (Alan Crowhurst/Getty Images)
AFP
Publicado em 26 de outubro de 2018 às 15h42.
A fortuna dos bilionários teve um crescimento sem precedentes no ano passado, especialmente na China, onde surgiram pelo menos dois bilionários por semana, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira, 26, pelo banco suíço UBS.
Em 2017, a fortuna das pessoas cujo patrimônio supera 1 bilhão de dólares cresceu 19% em todo o mundo, a 8,9 trilhões de dólares concentrados nas mãos de 2.158 pessoas, segundo este estudo.
O desenvolvimento foi duas vezes maior na China, onde o crescimento foi avaliado em 29%, a 1,12 trilhão de dólares, de acordo com este estudo realizado pelo banco suíço em colaboração com a auditoria e consultoria PwC.
Em comparação, a fortuna dos bilionários americanos cresceu 12% em 2017, a 3,6 trilhões de dólares, e a dos europeus aumentou 19%, a 1,9 trilhão de dólares, principalmente pelo efeito da valorização do euro frente à moeda americana.
"Durante a última década, os bilionários chineses criaram algumas das maiores e mais prósperas empresas, elevaram os padrões de vida e enriqueceram a níveis extraordinários", afirmou Josef Stadler, responsável pela unidade de patrimônio dos clientes mais ricos do banco.
"Mas isso é só o começo", acrescentou. O risco de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China poderia afetar o crescimento econômico dos dois países - e portanto sua criação de riquezas, indicou o banco.
Se as tensões continuarem a crescer, os mercados de ações nos Estados Unidos e na Ásia (exceto o Japão) poderiam recuar até 20% em relação ao seus ápices no verão de 2018, indicou o UBS.
Na China, uma guerra comercial poderia causar uma forte desaceleração da expansão da riqueza. Contudo, o país continuaria sendo um terreno fértil para a riqueza, dada sua vasta população e e seu boom tecnológico.
A China, que tinha 16 bilionários em 2006, passou a ter 373 em 2017. Cerca de 20% deles fizeram fortuna no setor da construção, 19% na tecnologia e 13% no de bens de consumo e distribuição, detalhou o UBS.
O surgimento de uma nova classe de grandes fortunas na China e no resto da Ásia é um fenômeno marcante dos últimos dez anos, tornando-se até roteiro de uma recente produção hollywoodiana, chamada "Crazy Rich Asians", que descreve a opulência de uma nova geração de super-ricos na cidade-Estado de Singapura.
"Desde a crise financeira mundial, a desigualdade da riqueza aumentou, especialmente devido ao impulso da parte crescente dos ativos financeiros e do fortalecimento do dólar", apontou Anthony Shorrocks, economista e autor do informe realizado com o banco suíço, que observou, porém, uma inflexão há dois anos.
Segundo ele, agora é "mais provável que a desigualdade da riqueza se reduza" que o contrário.