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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h26.
Se nenhum problema impedir a realização do IV Fórum Social Mundial na Índia, em 2004, o Brasil só voltará a sediar o evento em 2005. Apesar disso, ficou estabelecido pelos organizadores que ele passará a se chamar Fórum Social Mundial de Porto Alegre, uma espécie de homenagem à cidade que primeiro acolheu o Fórum e que voltará a fazê-lo a cada dois anos.
Ao som de canções engajadas e palavras de ordem e empunhando faixas, cartazes e bandeiras nas quais pediam a paz, o fim do imperialismo, diziam não à Alca, ao neo-liberalismo e aos transgênicos, grande parte das 100 000 pessoas que participaram do III Fórum Social Mundial em Porto Alegre, desfilaram pelas ruas da capital gaúcha despedindo-se do Fórum.
No último dia, a estrela foi o lingüista americano Noam Chomsky, que reuniu 20 000 pessoas no ginásio Gigantinho. Ele condenou o belicismo de Bush e declarou que quanto maior a oposição a um ataque dos Estados Unidos ao Iraque, menores as chances de isso acontecer. O interesse de Bush no conflito contra o Iraque é o controle do petróleo que está por trás também da crise venezuelana e da militarização da Colômbia , disse o americano.
Chomsky também alertou para as conseqüências da guerra contra o Iraque. Teríamos ataques piores que o do 11 de setembro de 2001 , disse ele, afirmando que surgirá uma nova geração de terroristas e haverá um descontrole total dos arsenais de armas químicas e biológicas de destruição em massa.
Antes da conferência de Chomsky, pacifistas israelenses e palestinos que participaram dos Diálogos pela Paz, protagonizaram um dos momentos mais emocionantes do evento. Braços erguidos e mãos dadas, eles cantaram, acompanhados pelas mais de 20 000 pessoas que aguardavam a palestra de Chomsky, a música Imagine de John Lennon. Eles divulgaram a carta de Porto Alegre, na qual pedem uma solução para o conflito no Oriente Médio. Clamamos à comunidade internacional e às Nações Unidas, em particular, para intervir para colocar um fim a essa situação trágica, à violência de ambos os lados e encaminhar imediatamente as negociações de paz , diz o documento.
A marca da contradição
Infelizmente, a atitude do grupo de pacifistas israelenses e palestinos, é uma exceção no FSM. Um encontro mundial que condena o pensamento único, precisa fugir da armadilha do pensamento único, das manifestações violentas contra a violência e de atitudes aparentemente inofensivas, mas criminosas, como a torta jogada no rosto do presidente do PT, José Genoíno, e uma falsa bomba colocada no principal local de eventos do Fórum, um prédio da PUC gaúcha, no último dia do evento. Para não ter o Fórum desacreditado, os organizadores bem que podiam explicar a alguns participantes que não se pode gritar contra a guerra com cartazes dizendo morra ianque assassino ou viva a Intifada , nem queimando bandeiras americanas.