Economia

Partido Comunista Chinês se reúne para série de reformas

A nova direção do Partido Comunista Chinês (PCC) se reúne a partir de sábado para traçar novas reformas econômicas

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang: 376 membros do Comitê Central do Partido se reunirão a portas fechadas a partir de sábado (Jason Lee/AFP)

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang: 376 membros do Comitê Central do Partido se reunirão a portas fechadas a partir de sábado (Jason Lee/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2013 às 12h14.

Pequim - A nova direção do Partido Comunista Chinês (PCC) se reúne a partir de sábado para traçar novas reformas econômicas, mas analistas acreditam que as decisões serão vagas e aplicadas gradualmente.

Os 376 membros do Comitê Central do Partido se reunirão a portas fechadas a partir de sábado em um hotel de Pequim para uma plenária de quatro dias, a terceira do tipo desde a transição no comando do país há um ano.

As duas primeiras plenárias servem tradicionalmente para designar os dirigentes do partido e do Estado, enquanto a terceira estabelece as grandes linhas políticas e econômicas.

Em algumas ocasiões têm impacto decisivo, como em 1978, quando Deng Xiaoping lançou a grande modernização da economia chinesa.

Desta vez, a reunião "marcará um ponto de inflexão porque serão reveladas medidas drásticas de política econômica", destacou a agência oficial Xinhua.

A ideia consiste em dar mais margem de manobra aos mercados e não em acabar com o papel do partido único. Segundo analistas consultados pela Xinhua, o objetivo será "reforçar a autoridade do partido e não reduzi-la", sobretudo em plena campanha anticorrupção do governo.

A reunião "abrirá caminho para um crescimento econômico mais duradouro" graças a "reformas amplas e sem precedentes", prometeu um assessore governamental citado pelo jornal China Daily.

O presidente Xi Jinping e o primeiro-ministro Li Keqiang, no poder desde março, têm a intenção de reequilibrar o crescimento da segunda economia mundial para que seja menos dependente das exportações e dos investimentos nas infraestruturas.

"Liberar as empresas da influência visível do Estado é uma das principais preocupações do governo e a criação de uma zona franca em Xangai foi um sinal estimulante", afirmou Yao Wei, economista do Société Générale.


"A plenária certamente vai reiterar a determinação de Pequim de acelerar o desenvolvimento, mas não devemos esperar nada mais que um mapa do caminho com prazos vagos", completou.

O ceticismo é compartilhado por especialistas em economia chinesa.

"Alguns temas serão abordados: proteção social, impostos ou reformas dos mercados financeiros. Mas não se deve esperar uma série de medidas exaustivas e uma evolução radical", afirma Cai Hongbin, professor de Finanças da Universidade de Pequim.

Segundo Hongbin, algumas medidas específicas podem, inclusive, ficar para o 13º plano quinquenal, em 2015.

O partido poderia autorizar os governos locais, muito endividados, a obter recursos com a emissão de bônus, o que permitiria outra fonte de arrecadação, além das operações imobiliárias.

Mas sobre outros temas importantes, a reunião pode ficar apenas nas intenções por falta de consenso, sobretudo no que diz respeito aos grandes grupos públicos, às vezes poucos rentáveis, mas com grande respaldo dos governos locais.

"Qualquer reforma enfrentará grande resistência dos interessados e será extremamente difícil de aplicar, dados os vínculos estreitos entre grupos públicos, governos locais e bancos", afirmam Mark Williams e Julian Evans-Pritchard, da empresa Capital Economics.

Um influente 'think tank' governamental defendeu em outubro reformas sociais ambiciosas, como a autorização para que os agricultores vendam suas terras e, especialmente, o fim do sistema de "hukou", a permissão de residência.

O "hukou", muito restritivo, proíbe a 300 milhões de habitantes das zonas rurais que emigraram para as grandes cidades o acesso aos serviços públicos de saúde ou educação, assim como outras vantagens sociais.

"É possível imaginar programas pilotos para reformar a propriedade agrária, mas não devemos esperar nenhum progresso significativo sobre o hukou para as grandes cidades e capitais provinciais, embora seja possível uma evolução em outras cidades de porte médio", advertira os analistas do Bank of America Merrill Lynch.

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