Economia

Participação laboral da mulher na América Latina está estagnada

Um levantamento aponta que, apesar de uma melhora na última década, há dois anos o índice de mulheres no mercado de trabalho não ultrapassa os 53%

AL: 78,1% das mulheres que trabalham estão em setores que a Cepal define como empregos de baixa produtividade (Thinkstock)

AL: 78,1% das mulheres que trabalham estão em setores que a Cepal define como empregos de baixa produtividade (Thinkstock)

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EFE

Publicado em 8 de março de 2017 às 12h57.

Santiago do Chile - A taxa de participação laboral feminina na América Latina e no Caribe está estagnada em torno de 53% e persistem as diferenças de gênero no mercado de trabalho, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira pela Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal).

O documento, lançado por causa do Dia Internacional da Mulher, destaca que os indicadores trabalhistas na região mostraram uma evolução positiva durante a última década, embora a participação das mulheres no trabalho tenha se estagnado nos últimos dois anos.

Além disso, 78,1% das mulheres que trabalham estão em setores que a Cepal define como empregos de baixa produtividade, o que significa remunerações mais baixas, menos cobertura de seguridade social e pouco contato com as tecnologias e a inovação.

O relatório, elaborado pelo Observatório de Igualdade de Gênero da América Latina e o Caribe da Cepal, lembra também que as taxas de desemprego das mulheres da região são "sistematicamente maiores" do que as dos homens.

Entre 2003 e 2013, a taxa de desemprego na América Latina acumulou uma queda de 2,8%, mas a partir de 2015 esta tendência se reverteu.

Nesse ano o desemprego alcançou 7,4%, sendo as mulheres as mais prejudicadas. Segundo dados preliminares de 2016, a taxa de desemprego aumentou na média 0,5 pontos percentuais, 0,7% para as mulheres e 0,3% para os homens.

"Os indicadores trabalhistas na América Latina e no Caribe seguem exibindo grandes lacunas de gênero no acesso a oportunidades e direitos entre homens e mulheres", destaca a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena.

"As desigualdades têm sua base em um sistema social que reproduz estereótipos e conserva uma divisão sexual do trabalho que limita a inserção laboral das mulheres", acrescenta.

Na sua opinião, estes fatores estruturais são um obstáculo para superar a pobreza e a desigualdade, assim como para conseguir a autonomia econômica das mulheres.

As taxas de desemprego feminino e masculino variam nos países da região mas a lacuna de gênero sempre é favorável aos homens, exceto no México, onde o desemprego dos homens supera o das mulheres 0,1%, segundo o relatório.

A Cepal reivindica que as políticas de emprego sejam capazes de mudar a estrutura atual de desigualdade, assumindo os sesgos de gênero que existem no mercado de trabalho.

Também considera urgente reconhecer e redistribuir o tempo de trabalho não remunerado para que a responsabilidade do cuidado dos filhos, pessoas dependentes e idosos não recaia exclusivamente sobre as mulheres.

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