Sede da OCDE: países desenvolvidos voltarão a entrar em recessão se o governo dos Estados Unidos não conseguir um acordo para elevar o teto da dívida, destacou a OCDE (Jacques Demarthon/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2013 às 09h50.
Paris - O bloqueio orçamentário nos Estados Unidos "coloca inutilmente em perigo a estabilidade e o crescimento" da economia mundial, advertiu nesta quinta-feira a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Os países desenvolvidos voltarão a entrar em recessão se o governo dos Estados Unidos não conseguir um acordo para elevar o teto da dívida, destacou a OCDE.
"Se o teto da dívida não for elevado - ou melhor, suprimido -, nossas estimativas sugerem que a área coberta pela OCDE voltará a cair em recessão, enquanto os países emergentes conhecerão uma brutal desaceleração", afirma o secretário-geral da organização, Angel Gurria, em um comunicado.
Sem um acordo orçamentário no Congresso, a administração federal americana funciona com efetivo mínimo há mais de uma semana.
Além disso, Washington pode declarar default em 17 de outubro se os congressistas não chegarem a um consenso sobre o aumento do teto da dívida do país.
"Mesmo que a probabilidade de que isto aconteça seja pequena, o simples fato de que exista incerteza sobre a capacidade de um Estado para evitar uma suspensão de pagamentos pode perturbar os mercados financeiros", adverte Gurría.
Na Ásia, a imprensa estatal chinesa também lamentou as "lutas políticas internas" que provocam o bloqueio orçamentário nos Estados Unidos, algo que ameaça a economia mundial.
"É lamentável ver que os Estados Unidos colocam em reiterado perigo a frágil recuperação da economia mundial", afirma o China Daily, jornal oficial em inglês do governo, em um editorial no qual pede aos congressistas americanos que "parem de fabricar crises".
"O surpreendente fracasso do Congresso americano em colocar os imperativos nacionais acima dos interesses partidários provoca uma onda de inquietações entre os investidores e os governos de todo o mundo, que temem agora o impensável, uma suspensão de pagamentos da maior economia mundial", completa o jornal.
A China é o país com mais títulos da dívida americana, com 1,277 bilhão de dólares em bônus do Tesouro no fim de julho.