Economia

Paraguai quer retirar cidadania de produtor de soja

'Brasiguaio', Tranquilo Favero tem terras que se encontram em litígio e são reivindicadas por outros agricultores do Paraguai

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2012 às 20h36.

Assunção - A Junta da Prefeitura de Assunção declarou nesta quarta-feira como 'persona non grata' e pediu a retirada da cidadania do produtor 'brasiguaio' de soja Tranquilo Favero, cujas terras se encontram em litígio e são reivindicadas por outros agricultores do Paraguai.

A resolução, aprovada por unanimidade, foi tramitada pela vereadora Karina Rodríguez após uma série de declarações de Favero depreciativas em relação aos agricultores e de elogios à ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989).

Essas declarações 'atentam contra a dignidade do povo paraguaio, são uma apologia aos 35 anos de ditadura, e a Junta assume sua responsabilidade de fortalecer o processo democrático e repudiar estas declarações', disse Rodríguez, de acordo com o site do jornal 'Última Hora'.

Favero, que nasceu no Brasil e é o maior produtor de soja do Paraguai, declarou que vive no país há 42 anos e que obteve sua cidadania há 25.

Em meio à disputa com os agricultores sem-terra, o latifundiário opinou que 'é preciso tratá-los como mulher de malandro, que só obedece a pauladas'.

Favero também elogiou o regime ditatorial no Paraguai do general Alfredo Stroessner (1954-89), cujo governo promoveu a entrega de terras a colonos brasileiros, conhecidos como 'brasiguaios'.

Suas declarações já tinham gerado a reação de várias autoridades, como o ministro do Interior, Rafael Filizzola, que descreveu o fazendeiro como 'fascista' aos jornalistas em Assunção.


A vereadora Rodríguez anunciou que a resolução aprovada contra Favero será encaminhada à Mesa de Direção da Prefeitura para, posteriormente, tramitar a retirada da cidadania paraguaia do brasileiro perante o Ministério do Interior, a o Ministério de Relações Exteriores e a Direção Nacional de Migrações.

Favero mantém em litígio uma parte de seus terrenos que são arrendados por vários produtores brasileiros de soja em Ñacunday, na província de Alto Paraná, a 400 quilômetros a leste de Assunção.

A tensão nessa região, que faz fronteira com o Brasil no estado do Paraná, se agravou em meados de janeiro com os rumores de invasões de terras por parte dos chamados 'carperos', que exigem terrenos públicos supostamente concedidos de forma irregular a Favero.

Os agricultores permanecem acampados na zona de conflito à espera de uma resposta para suas reivindicações. No último dia 6, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, advertiu que as forças de segurança utilizarão 'todos os meios disponíveis' para evitar a violência entre os 'carperos' e os 'brasiguaios'. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCommoditiesCrimeParaguaiSoja

Mais de Economia

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi

Senado aprova 'Acredita', com crédito para CadÚnico e Desenrola para MEIs