Trump: presidente americano afirmou que empresas grandes precisam de auxilo do governo (Tom Brenner/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de março de 2020 às 16h30.
Última atualização em 24 de março de 2020 às 16h41.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insistiu nesta terça-feira em defender a reativação da economia até meados de abril, apesar de uma disparada de casos de coronavírus, minimizando a pandemia como fez nos primeiros momentos ao compará-la a uma gripe sazonal.
No dia 16 de março, Trump e sua equipe de combate ao coronavírus divulgaram recomendações para que toda a população do país reduza as interações sociais e profissionais durante 15 dias na tentativa de diminuir a disseminação do vírus.
Mas o presidente republicano, que busca a reeleição em novembro, começou a se irritar com as repercussões econômicas.
Durante uma transmissão ao vivo do canal Fox New, ele disse que gostaria que os negócios reabrissem as portas até a Páscoa, que será comemorada em 12 de abril.
"Eu adoraria ter o país aberto e ansioso para passar a Páscoa", disse.
O presidente disse que os EUA não adotaram medidas drásticas para combater os acidentes de carro e as mortes de gripes semelhantes àquelas que está tomando para o coronavírus, e que os norte-americanos podem continuar a praticar medidas de distanciamento social, que especialistas em saúde dizem ser cruciais para evitar infecções, mas ao mesmo tempo voltar ao trabalho.
"Perdemos milhares e milhares de pessoas por ano para a gripe. Não desligamos o país. Você pode destruir um país assim ao fechá-lo."
Trump tem sido criticado por colegas republicanos e outros por dizer que gostaria de reativar a economia enquanto o Pentágono e outros preveem que o surto pode durar meses.
Larry Hogan, governador republicano de Maryland, disse à CNN nesta terça-feira: "Não achamos que estaremos prontos de maneira nenhuma para sair disto em cinco ou seis dias ou algo assim, ou seja lá quando estes 15 dias terminarem a partir do momento em que ligaram este relógio imaginário."
A Fox também tem sido criticada por seu tratamento do vírus, já que os apresentadores de alguns programas de opinião o minimizaram no período inicial da proliferação.
O presidente, que no início da crise disse que o vírus estava sob controle, está atordoado com seu impacto na economia e no mercado de ações.
"Nosso povo quer voltar ao trabalho", disse ele no Twitter na manhã desta terça-feira. "Ele praticará o distanciamento social e tudo o mais, e os idosos serão cuidados de forma protetora e amorosa. Conseguimos fazer duas coisas juntas. A CURA NÃO PODE SER PIOR (de longe) DO QUE O PROBLEMA!"
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu, em entrevista à Fox News a tese de que a taxa de mortalidade do coronavírus no país, atualmente em torno de 1,3%, deve estar, na verdade, abaixo de 1%. Para ele, isso ocorre porque muitos pacientes não reportam aos hospitais quando ficam curados da doença.
Trump também falou sobre a situação do surto em Nova York, epicentro da pandemia nos EUA. Na avaliação dele, a gestão do governador democrata Andrew Cuomo tem culpa porque, em 2015, se recusou a comprar novos aparelhos de respiração para os hospitais. "Ele teve a chance de comprar 15 mil aparelhos por um preço muito baixo, mas rejeitou", criticou.
Trump afirmou que o governo precisa ajudar grandes empresas, como a Boeing, porque elas representam importante fonte de empregos. Em entrevista à Fox News, o republicano disse que, após ter tido um "ano ruim", por conta dos desdobramentos da crise com o modelo 737 MAX, a companhia deve receber algum auxílio para não quebrar. "Não podemos perder a Boeing", salientou.
Trump explicou que o pacote de estímulos contra o coronavírus, alvo de negociações no Congresso, inclui ajuda também para pequenas empresas, que, na visão dele, são "os motores de um país". Ele criticou os esforços dos democratas para atrelar a legislação ao chamado Green New Deal, proposta que trata de mudanças climáticas e desigualdades sociais. "O acordo proposto pelos democratas é terrível", atacou.
O presidente reiterou o desejo de retomar as atividades paralisadas até a Páscoa, em 12 de abril. Para ele, mais pessoas vão morrer se a economia americana entrar em forte recessão, porque estarão sujeita à depressão. "Não é controverso dizer que o país quer voltar ao trabalho", pontuou.
Trump lembrou ainda que, quando decidiu fechar as fronteiras americanas para cidadãos chineses, logo no início do surto, foi bastante criticado, mas a decisão se mostrou correta mais adiante, segundo ele.