Economia

Trump quer reativar economia até a Páscoa, apesar do avanço do coronavírus

Trump, que busca a reeleição em novembro, está incomodado com a repercussão do impacto econômico do coronavírus no país

Trump: presidente americano afirmou que empresas grandes precisam de auxilo do governo (Tom Brenner/Reuters)

Trump: presidente americano afirmou que empresas grandes precisam de auxilo do governo (Tom Brenner/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de março de 2020 às 16h30.

Última atualização em 24 de março de 2020 às 16h41.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insistiu nesta terça-feira em defender a reativação da economia até meados de abril, apesar de uma disparada de casos de coronavírus, minimizando a pandemia como fez nos primeiros momentos ao compará-la a uma gripe sazonal.

No dia 16 de março, Trump e sua equipe de combate ao coronavírus divulgaram recomendações para que toda a população do país reduza as interações sociais e profissionais durante 15 dias na tentativa de diminuir a disseminação do vírus.

Mas o presidente republicano, que busca a reeleição em novembro, começou a se irritar com as repercussões econômicas.

Durante uma transmissão ao vivo do canal Fox New, ele disse que gostaria que os negócios reabrissem as portas até a Páscoa, que será comemorada em 12 de abril.

"Eu adoraria ter o país aberto e ansioso para passar a Páscoa", disse.

O presidente disse que os EUA não adotaram medidas drásticas para combater os acidentes de carro e as mortes de gripes semelhantes àquelas que está tomando para o coronavírus, e que os norte-americanos podem continuar a praticar medidas de distanciamento social, que especialistas em saúde dizem ser cruciais para evitar infecções, mas ao mesmo tempo voltar ao trabalho.

"Perdemos milhares e milhares de pessoas por ano para a gripe. Não desligamos o país. Você pode destruir um país assim ao fechá-lo."

Trump tem sido criticado por colegas republicanos e outros por dizer que gostaria de reativar a economia enquanto o Pentágono e outros preveem que o surto pode durar meses.

Larry Hogan, governador republicano de Maryland, disse à CNN nesta terça-feira: "Não achamos que estaremos prontos de maneira nenhuma para sair disto em cinco ou seis dias ou algo assim, ou seja lá quando estes 15 dias terminarem a partir do momento em que ligaram este relógio imaginário."

A Fox também tem sido criticada por seu tratamento do vírus, já que os apresentadores de alguns programas de opinião o minimizaram no período inicial da proliferação.

O presidente, que no início da crise disse que o vírus estava sob controle, está atordoado com seu impacto na economia e no mercado de ações.

"Nosso povo quer voltar ao trabalho", disse ele no Twitter na manhã desta terça-feira. "Ele praticará o distanciamento social e tudo o mais, e os idosos serão cuidados de forma protetora e amorosa. Conseguimos fazer duas coisas juntas. A CURA NÃO PODE SER PIOR (de longe) DO QUE O PROBLEMA!"

Mortalidade abaixo de 1%

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu, em entrevista à Fox News a tese de que a taxa de mortalidade do coronavírus no país, atualmente em torno de 1,3%, deve estar, na verdade, abaixo de 1%. Para ele, isso ocorre porque muitos pacientes não reportam aos hospitais quando ficam curados da doença.

Trump também falou sobre a situação do surto em Nova York, epicentro da pandemia nos EUA. Na avaliação dele, a gestão do governador democrata Andrew Cuomo tem culpa porque, em 2015, se recusou a comprar novos aparelhos de respiração para os hospitais. "Ele teve a chance de comprar 15 mil aparelhos por um preço muito baixo, mas rejeitou", criticou.

Boeing e grandes empresas

Trump afirmou que o governo precisa ajudar grandes empresas, como a Boeing, porque elas representam importante fonte de empregos. Em entrevista à Fox News, o republicano disse que, após ter tido um "ano ruim", por conta dos desdobramentos da crise com o modelo 737 MAX, a companhia deve receber algum auxílio para não quebrar. "Não podemos perder a Boeing", salientou.

Trump explicou que o pacote de estímulos contra o coronavírus, alvo de negociações no Congresso, inclui ajuda também para pequenas empresas, que, na visão dele, são "os motores de um país". Ele criticou os esforços dos democratas para atrelar a legislação ao chamado Green New Deal, proposta que trata de mudanças climáticas e desigualdades sociais. "O acordo proposto pelos democratas é terrível", atacou.

O presidente reiterou o desejo de retomar as atividades paralisadas até a Páscoa, em 12 de abril. Para ele, mais pessoas vão morrer se a economia americana entrar em forte recessão, porque estarão sujeita à depressão. "Não é controverso dizer que o país quer voltar ao trabalho", pontuou.

Trump lembrou ainda que, quando decidiu fechar as fronteiras americanas para cidadãos chineses, logo no início do surto, foi bastante criticado, mas a decisão se mostrou correta mais adiante, segundo ele.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDonald TrumpEstados Unidos (EUA)

Mais de Economia

Governo avalia mudança na regra de reajuste do salário mínimo em pacote de revisão de gastos

Haddad diz estar pronto para anunciar medidas de corte de gastos e decisão depende de Lula

Pagamento do 13º salário deve injetar R$ 321,4 bi na economia do país este ano, estima Dieese

Haddad se reúne hoje com Lira para discutir pacote de corte de gastos