Economia

Para secretário, efeitos da pandemia no mercado de trabalho estão chegando ao fim

Bianco considerou que as perspectivas do mercado de trabalho em 2021 são "as mais alvissareiras possíveis"

Bianco: considerou que as perspectivas do mercado de trabalho em 2021 são "as mais alvissareiras possíveis (Júlio Nascimento/PR / Planalto/Divulgação)

Bianco: considerou que as perspectivas do mercado de trabalho em 2021 são "as mais alvissareiras possíveis (Júlio Nascimento/PR / Planalto/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 16h30.

Apesar do recrudescimento dos casos de contágio e de óbitos causados pelo novo coronavírus no Brasil, o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, avaliou nesta quinta-feira, 28, que os efeitos da pandemia de covid-19 no mercado de trabalho já estariam chegando ao fim.

"Na nossa perspectiva, os efeitos mais graves já passaram. Já estamos próximos a uma normalidade no mercado de trabalho. Obviamente a situação é dinâmica e continuaremos monitorando. Nossa atuação também é dinâmica", respondeu o secretário.

Mesmo com o fechamento de 67.906 vagas com carteira assinada em dezembro, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) encerrou 2020 com um resultado positivo em 142.690 vagas.

Bianco considerou que as perspectivas do mercado de trabalho em 2021 são "as mais alvissareiras possíveis". "Estamos saindo da crise e já entrando em um período de normalidade", repetiu.

O secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, por sua vez, disse que o governo segue preocupado com a empregabilidade dos trabalhadores mais jovens.

Ele citou o lançamento em 2019 do Trabalho Verde Amarelo voltado para o primeiro emprego dos jovens. "Temos que deixar mão de obra jovem mais barata e mais simples, desburocratizada", completou.

Ano mais difícil

Bruno Bianco comemorou o saldo positivo do mercado de trabalho formal em 2020 e destacou que isso foi possível graças a medidas tomadas pelo governo no ano passado para preservar empresas em empregados. "Em 2020 tivemos uma das maiores crises da história e passamos pelo ano mais difícil com um saldo positivo no Caged. Esse resultado mostra uma tendência de retomada e criação de empregos. O Brasil consegue se reinventar e sair das crises com tranquilidade", avaliou. "Perdemos um pouco de vagas em dezembro mas pequena para a média do mês. Foi a menor redução de vagas para o mês desde 1995", completou.

Bianco destacou que o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) preservou mais de 11 milhões de vagas no ano passado e ainda continuaria surtindo efeito sobre os resultados do Caged.

Pelas regras do programa, para cada mês de redução de jornada e salário ou suspensão de jornada, o empregador deveria garantir um mês adicional de estabilidade no emprego para os funcionários. "Ainda colhemos frutos da estabilidade temporária do emprego no BEm", detalhou. "O mérito do programa é da nossa equipe, mas de todos os brasileiros", acrescentou.

Ressaca

O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia respondeu ainda que o governo não espera "uma ressaca" de demissões no começo de 2021 após o fim das medidas do governo para a preservação do emprego. Ainda assim, ele confirmou que o governo está avaliando se será necessária a edição de novas medidas.

"Mesmo com medidas emergenciais, nunca paramos com ações estruturais. Estamos fazendo programas contínuos de melhoria do ambiente de negócios, reduzindo a burocracia e o custo de contratação", alegou Bianco. "Estamos avaliando se devemos ou não lançar mais medidas contra crise. Mas obviamente isso demanda análise de circunstâncias e uma análise política estamos fazendo com o ministro (Paulo Guedes) e o presidente Bolsonaro", completou.

Bianco acrescentou que o governo fará anúncios quando tiver uma decisão concreta. "Quero deixar claro que não deixaremos o desemprego aumentar e continuaremos com as mãos na rédeas para aumentarmos as contratações e reduzirmos as demissões", acrescentou.

Bruno Dalcolmo também descartou um repique de desemprego, citando a garantia provisória do emprego para as empresas que acessaram o BEm. "Podemos afirmar categoricamente que não (haverá ressaca). Sempre optamos pela alternativa mais simples para os programas, com a menor burocracia. E colocamos apenas a exigência de garantia provisória do emprego, que prevê multa bastante salgada para quem demitir (nesse prazo)", comentou.

Segundo Dalcolmo, cerca de 3,5 milhões de trabalhadores ainda estão beneficiados por essa garantia provisória de emprego em vigor em janeiro. "Os efeitos da garantia provisória de emprego duram até o meio deste ano", acrescentou.

O secretário considerou que é preciso verificar quantas cidades estariam realmente em "lockdown" no começo deste ano. "É um volume menor de municípios e também não há a mesma simultaneidade do ano passado. Tudo isso será avaliado para se decidir sobre a necessidade de um novo programa", completou.

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