Economia

Para Rajoy, desapropriação da YPF é injustificável

A intervenção do governo de Cristina Kirchner centrou o primeiro dia da visita de Rajoy ao México

''O que querem (as empresas espanholas na América Latina) é ficar, serem cada vez melhores, contribuírem a criação de emprego e prosperidade'', reiterou Rajoy (John Thys/AFP)

''O que querem (as empresas espanholas na América Latina) é ficar, serem cada vez melhores, contribuírem a criação de emprego e prosperidade'', reiterou Rajoy (John Thys/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2012 às 21h52.

Puerto Vallarta - O chefe do Executivo espanhol, Mariano Rajoy, advertiu nesta terça-feira à Argentina que a desapropriação da YPF ''rompe o bom entendimento'' bilateral e prometeu defender a Repsol porque se trata de uma decisão ''sem justificativa''.

A intervenção do governo de Cristina Kirchner centrou o primeiro dia da visita de Rajoy ao México, onde recebeu a solidariedade de dirigentes latino-americanos como o presidente mexicano, Felipe Calderón, e o guatemalteco, Otto Pérez Molina.

Rajoy participou do Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina realizado em Puerto Vallarta (México) e diante de centenas de líderes empresariais e políticos da região, onde avaliou que a iniciativa de Buenos Aires prejudica a todos. Nenhum representante argentino estava no encontro.

''Afeta e muito a reputação internacional da Argentina'', prejudica a Espanha, pode abalar a imagem da América Latina e prejudica a Repsol, ''que foi desapropriada sem justificativa e sem razão econômica, porque não há o que explique o ocorrido'', disse.

Rajoy garantiu que seu governo trabalhará ''com intensidade e perseverança'' para defender os interesses da empresa espanhola, ''que contribuiu ao crescimento econômico e social da Argentina'', e para defender um modelo de relações econômicas e comerciais baseadas ''no respeito mútuo entre os países''.

Expressou ainda sua preocupação com a possibilidade de que essa atitude possa prejudicar o esforço dos países latino-americanos em se apresentar como destinos atrativos e seguros para os investimentos.

Embora, em sua opinião, trata-se de uma ação ''pontual'', pode haver investidores pouco conhecedores da região que erroneamente interpretem que há riscos no conjunto da área e isso seria ''sumamente injusto''.


''O que ontem aconteceu com uma empresa espanhola alguém pode pensar que pode ocorrer amanhã a qualquer outro investimento. Isso cria um grave precedente'', advertiu antes de comprometer-se em trabalhar para que o temor não ganhe espaço, o que arrancou aplausos dos presentes

Rajoy lembrou que o continente latino-americano se beneficiou da presença de empresas europeias e espanholas, que transferiram para região capital e tecnologia para modernizar a estrutura produtiva, em troca de ''um marco jurídico e econômico estável e, sobretudo, compreensível''.

''O que querem (as empresas espanholas na América Latina) é ficar, serem cada vez melhores, contribuírem a criação de emprego e prosperidade'', reiterou Rajoy em uma nova chamada contra as ''tentações protecionistas''.

Neste contexto defendeu o papel dos principais bancos espanhóis assentados no continente - o Santander e o BBVA - e garantiu que, embora na Espanha estejam fazendo importantes ajustes em seus balanços para cumprir com a reforma do setor financeiro, a atividade na América Latina não será afetada, porque operam conforme as respectivas legislações nacionais.

Rajoy iniciou sua primeira viagem latino-americana, que também o levará à Colômbia, em um momento de importantes turbulências financeiras, mas assegurou que a economia espanhola não naufragará porque apostou pelo ''único caminho'' possível para sentar as bases da recuperação: a disciplina fiscal e as reformas estruturais.

O presidente do governo falou sobre as medidas adotadas em três meses de gestão e avançou que os ajustes em educação, saúde e serviços sociais serão aprovados nesta mesma sexta-feira.


Apesar de sua segurança no caminho empreendido, Rajoy reconheceu que para recuperar o crescimento, a Espanha deve contar com liquidez suficiente para ''proteger'' essas reformas, em contexto de crescente desconfiança e necessidades de financiamento.

Rajoy garantiu que o orçamento geral do Estado deste ano permitirá cumprir com o objetivo de situar o déficit público em 3% do Produto Interno Bruto em 2013.

O chefe do Executivo espanhol ratificou este compromisso justo no dia no qual o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou relatório que prevê que a Espanha reduzirá em 6% o déficit em 2012 do PIB, e em 2013 para 5,7%, superando os objetivos pactuados com Bruxelas.

Na quarta-feira, Rajoy tem prevista uma densa agenda de atos oficiais na Cidade do México antes de seguir para Bogotá.

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