Sede do Banco Central: "ainda estou com cenário de mais uma alta de 0,25 ponto porcentual, encerrando o ciclo de alta dos juros em 14,5% ao ano", diz especialista (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2015 às 22h12.
São Paulo - A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa básica de juros de 13,75% ao ano para 14,25% ao ano, anunciada nesta quarta-feira, 29, era esperada pelo mercado.
Além disso, a mudança no comunicado sinaliza que a instituição deve manter os juros nessa faixa até pelo menos o primeiro trimestre do ano que vem.
A avaliação é do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. "Ainda estou com cenário de mais uma alta de 0,25 ponto porcentual, encerrando o ciclo de alta dos juros em 14,5% ao ano", afirmou.
Para Perfeito, o novo comunicado do BC, que fala que a "manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016", é uma sinalização de que a autoridade monetária deve manter a Selic nessa faixa até pelo menos o primeiro trimestre do ano que vem.
"Eles devem esperar o primeiro trimestre para começar a cortar. Até lá, é mais provável que a inflação comece a ceder", disse o economista, que estima uma Selic de 11,25% ao ano no fim de 2016.
A reunião do Copom de hoje, destaca Perfeito, foi cercada de dois eventos muito fortes que ocorreram nesta semana: a redução da meta de superávit primário de 1,1% do PIB para 0,15% e a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P), que alterou a perspectiva do rating BBB- do Brasil de estável para negativa. "Esses dois fatores serão objetos de leitura atenta na próxima ata", afirmou.
Em relação à decisão de não-participação do diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Tony Volpon, na segunda etapa do encontro do Copom, o economista da Gradual diz ver "um certo exagero". "Ele fez um comentário, não indicou o voto", afirmou.
Volpon declarou recentemente que, "pessoalmente, vou votar para o aumento dos juros até que nossa projeção esteja de uma maneira satisfatória apontando para o centro da meta".