Economia

Para Goldman Sachs, reação de Dilma a protestos gera ruídos

Ramos diz que governo federal está sendo desafiado para, em um curto espaço de tempo, atender várias demandas dos manifestantes, podendo haver implicação fiscal

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2013 às 16h44.

Santander, Espanha - A reação da presidente Dilma Rousseff às manifestações populares das últimas semanas pode adicionar incerteza às perspectivas para o Brasil.

A avaliação é do diretor de pesquisas para América Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos. Ainda reconhecendo que o debate proposto pela presidente da República possa levar a uma melhora na alocação dos recursos públicos, o economista pondera que "os desenvolvimentos recentes introduziram algum ruído e incerteza na equação político-social para o futuro".

Em análise enviada aos clientes nesta terça-feira, 25, para avaliar o discurso da véspera da presidente Dilma Rousseff, Ramos diz que o governo federal está sendo desafiado para, em um curto espaço de tempo, atender várias demandas dos manifestantes.

Para isso, o economista afirma que pode haver implicação fiscal. "Assumindo que não há grandes ganhos de eficiência nos gastos no curto prazo, isso implicaria um gasto público maior em bens e perda de receita projetada nas tarifas públicas."

A situação fiscal menos favorável - com, potencialmente, mais gastos e menos receitas - teria de acontecer em um cenário em que existisse preocupação com as contas públicas. Ramos afirma que o governo teria de se esforçar para "concomitantemente preservar a disciplina fiscal necessária para ajudar o Banco Central a conter a inflação e evitar os rebaixamentos das notas de crédito".

O diretor do Goldman Sachs admite que o melhor uso do dinheiro público é algo positivo, mas considera distante a obtenção de resultado rápido nesse sentido. "Se for bem direcionada, a demanda da população, a pressão por mais eficiência e transparência nos gastos públicos, maior responsabilização de autoridades e a melhor oferta de bens públicos poderiam levar a uma melhor alocação de recursos públicos", diz. "Mas esse resultado está longe de ser garantido", completa.

Outro foco de incerteza, acrescenta, é a ideia de criação de um plebiscito para mudar pontos da Constituição. "A criação de uma Assembleia Constituinte para elaborar uma reforma política profunda também pode adicionar outro elemento de incerteza no médio prazo, porque esses eventos tendem a levar muito tempo e o resultado final é extremamente difícil prever."

Acompanhe tudo sobre:Bancosbancos-de-investimentoDilma Rousseffeconomia-brasileiraEmpresasEmpresas americanasGoldman SachsPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE