Economia

Para Goldman Sachs, Opep deve adotar postura mais firme

Os preços do petróleo caíram 8% desde 25 de maio, quando a Opep e seus aliados concordaram em manter a produção reduzida até abril

Opep: “A Opep deveria ter diminuído mais, em vez de diminuir por mais tempo" (Leonhard Foeger/Reuters)

Opep: “A Opep deveria ter diminuído mais, em vez de diminuir por mais tempo" (Leonhard Foeger/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2017 às 17h43.

Londres - A principal pergunta nos mercados de petróleo é o que a Opep deveria fazer quando seu acordo para prolongar a redução da produção expirar no segundo trimestre do ano que vem. O Goldman Sachs Group tem uma resposta, que requer um pouco de equilíbrio.

Os preços do petróleo caíram 8 por cento desde 25 de maio, quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados concordaram em manter a produção reduzida até abril, em meio à incerteza sobre o que farão depois disso.

Segundo o Goldman Sachs, o desafio para a organização é reduzir a oferta o suficiente no curto prazo sem aumentar os preços tanto que os produtores rivais voltem a trabalhar.

Para conciliar esses objetivos a Opep deveria reduzir mais a produção agora e ao mesmo tempo avisar que voltará a produzir abruptamente quando o excesso for eliminado, segundo Jeff Currie, diretor de pesquisa sobre commodities do banco em Nova York.

Como resultado, os preços de longo prazo cairiam abaixo dos preços de curto prazo -- estrutura conhecida como “backwardation” --, tornando mais difícil para os concorrentes da Opep financiar qualquer retorno.

“A Opep deveria ter diminuído mais, em vez de diminuir por mais tempo, para gerar backwardation, e ter comunicado ao mercado uma ameaça consistente de maior participação no mercado”, disse Currie em entrevista por telefone.

“Isso teria exercido uma pressão descendente maior sobre o extremo final da curva, desencorajando investimentos futuros.”

Dificuldades

A proposta do Goldman para administrar a transição não está isenta de dificuldades.

Para começar, a Opep ainda tem dificuldades com a primeira parte da estratégia -- demonstrar seu compromisso de diminuir o excesso dos estoques mundiais de petróleo, segundo a consultoria Energy Aspects em Londres.

A organização tem que reforçar o corte da produção com uma redução correspondente nas exportações, afirma a empresa.

“Para recuperar a confiança, os membros fundamentais da Opep deveriam retirar discretamente mais barris do mercado”, disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da consultoria. “O mercado não dará muito mais chances à Opep.”

Os estoques globais aumentaram no primeiro trimestre, porque os produtores aumentaram as exportações justo antes da entrada em vigor do acordo de redução em janeiro, segundo a Agência Internacional de Energia.

Posteriormente eles mostraram um forte compromisso de efetuar as reduções prometidas, mas isso encorajou os perfuradores de xisto dos EUA, que aumentaram o número de sondas utilizadas durante 20 semanas consecutivas, afirma a Baker Hughes.

Justificativas

Também poderia haver um problema com a proposta do Goldman de a Opep fazer uma declaração destinada a diminuir os preços e os investimentos no longo prazo, pois muitas vezes os funcionários justificaram a intervenção atual com o objetivo de reverter o impacto dos recentes recortes de gastos no setor de petróleo e prevenir uma escassez de oferta no futuro.

Contudo, voltar a se concentrar na participação de mercado seria coerente com abordagens anteriores da Opep para reduzir a produção, disse Currie, do Goldman.

“Eles têm precedentes bem-sucedidos, como no fim da década de 1980 e na década de 1990”, disse ele. “Eles só aumentaram a produção continuamente nesse período.”

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