Economia

Para economistas, saída de Temer não deve impedir queda de juros

Apenas 2 de 30 economistas consultados acreditam que Temer, investigado por obstrução de justiça, corrupção e organização criminosa, completará o mandato

Temer: "Ele perdeu seu ativo mais importante: a credibilidade", disse um dos economistas (Nacho Doce/Reuters)

Temer: "Ele perdeu seu ativo mais importante: a credibilidade", disse um dos economistas (Nacho Doce/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 26 de maio de 2017 às 17h02.

Última atualização em 26 de maio de 2017 às 17h18.

Brasília - O fim prematuro do governo Michel Temer já é quase unanimidade entre economistas, mas o cenário continua favorável para a forte queda dos juros, para a redução da meta de inflação e até para a aprovação de mudanças na Previdência, segundo pesquisa da Reuters publicada nesta sexta-feira.

Apenas dois de 30 economistas consultados entre 24 e 26 de maio acreditam que Temer, investigado por obstrução de justiça, corrupção e organização criminosa, completará seu mandato como presidente no fim de 2018.

Ainda assim, de acordo com a mediana de 38 projeções na pesquisa, o Banco Central provavelmente reduzirá a taxa básica de juros em 1 ponto percentual na próxima quarta-feira, para 10,25 por cento. Até o fim do ano, a Selic deve chegar a 8,5 por cento, segundo a pesquisa.

A segunda crise presidencial em pouco mais de um ano no Brasil tampouco deve atrapalhar eventuais planos de reduzir a meta de inflação depois de mais de uma década.

Dezoito de 29 economistas acreditam que o centro da meta será reduzida dos atuais 4,5 por cento pelo IPCA para 2019, com metade dos 18 apostando numa queda simbólica para 4,25 por cento e a outra metade prevendo corte maior: oito apostando em 4,0 por cento e um economista em 3,5 por cento.

A meta de inflação de 2017 e 2018 é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Embora a crise tenha reduzido as expectativas a favor deredução ainda mais agressiva dos juros pelo BC, de 1,25 ponto percentual na próxima semana, o cenário para a política monetária continua o mesmo em relação ao começo de abril, quando Temer ainda tinha sustentação no Congresso.

"Ele perdeu seu ativo mais importante: a credibilidade", disse um dos economistas na pesquisa. As respostas foram colhidas em condição de anonimato porque muitos bancos não permitem que seus economistas façam previsões políticas.

Dois economistas preveem corte de 1,25 ponto percentual; 30 apostam em corte de 1 ponto; cinco estimam redução de 0,75 ponto; e um economista prevê corte de 0,50 ponto em 31 de maio, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne novamente.

Temer, político experiente que presidiu o maior partido do país, o PMDB, por mais de uma década e chefiou a Câmara dos Deputados durante os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, tem se recusado a renunciar.

Entretanto, ele pode ser retirado da Presidência já no próximo mês em ação a ser julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Os mercados inicialmente despencaram em meio ao escândalo, mas têm se estabilizado nos últimos dias. Com a confiança do mercado de que a agenda econômica não mudará substancialmente, os contratos de juros futuros mostravam cerca de 80 por cento de probabilidade de corte de 1 ponto percentual na Selic na próxima reunião de política monetária do BC.

O ponto mais vulnerável da agenda de Temer parece ser a reforma da Previdência, por ser impopular e necessitar do apoio de três quintos dos parlamentares na Câmara dos Deputados e no Senado.

Ainda assim, uma ligeira maioria dos economistas, 16 de 31, acredita que a reforma seja aprovada este ano, ainda que muitos apostem que a proposta ainda sofrerá modificações.

Acompanhe tudo sobre:EconomistasGoverno TemerInflaçãoMichel TemerReforma da PrevidênciaSelic

Mais de Economia

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados

'Não vamos destruir valor, vamos manter o foco em petróleo e gás', diz presidente da Petrobras

Governo estima R$ 820 milhões de investimentos em energia para áreas isoladas no Norte