(Gabriel Vergani / EyeEm/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de julho de 2022 às 09h18.
Última atualização em 13 de julho de 2022 às 16h37.
Com novas pressões salariais no radar em um cenário de estimativas já ao redor do teto da meta de inflação em 2023 (4 75%), economistas avaliam que não é desprezível o risco de o Banco Central ter de avançar com o ciclo de aperto monetário até setembro, no auge da campanha eleitoral. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nos dias 20 e 21 de setembro, enquanto o primeiro turno da eleição é dia 2 de outubro.
Neste ano, porém, há uma novidade: a autonomia formal do BC. Conquistada no ano passado, com o argumento também de se desvencilhar dos ciclos políticos, essa independência, na avaliação de especialistas, blinda mais o BC de pressões populistas e dá mais espaço para continuar, se for preciso, a alta de juros mesmo com a eleição.
O Copom já sinalizou nova alta da Selic em agosto, para 13,5% ou 13,75%. Também indicou que pretende deixar os juros mais contracionistas por mais tempo, terminando 2023 provavelmente acima de 10%, para alcançar uma inflação "ao redor" do centro da meta do ano que vem (3,25%).
Para o economista João Fernandes, sócio da Quantitas Asset, essa estratégia parece arriscada, especialmente pensando no cenário de inflação de serviços. Hoje, o economista espera 5,5% para o IPCA em 2023. "Não tem como descartar que as expectativas comecem a subir para além dos 5%. Nesse sentido, a alternativa seria aumentar mais uma vez o juro, para 14,25%, por exemplo", diz Fernandes.
Da mesma forma, o chefe do Centro de Estudos Monetários da FGV, José Julio Sena, diz que ainda é difícil precisar o fim do ciclo de alta de juros, mas que a diretoria atual não demonstra que deixaria de elevar os juros por causa da eleição. "Claro que a autonomia formal reforça a minha convicção. O ponto é: se o BC sentir que precisa fazer mais aumento, acho que acabará fazendo. No momento, ninguém sabe se será ou não necessário."
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