Economia

Para Deutsche Bank, PIB dos EUA reflete estagnação secular

A equipe de estratégia de juros do banco entrou na lista de analistas que entendem que a economia americana está atolada em uma situação de estagnação secular


	Estados Unidos: a maior economia do mundo se expandiu apenas 1,2 por cento no segundo trimestre
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Estados Unidos: a maior economia do mundo se expandiu apenas 1,2 por cento no segundo trimestre (.)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2016 às 19h34.

A equipe de estratégia de juros do Deutsche Bank AG entrou na lista de analistas de Wall Street que entendem que a economia americana está atolada em uma situação de estagnação secular.

Em relatório de pesquisa distribuído na sexta-feira, os estrategistas do Deutsche Bank, liderados por Dominic Konstam, afirmaram que o banco central (Federal Reserve) corre o risco de cometer um "grande erro" se elevar a taxa básica de juros em setembro, uma vez que os últimos indicadores do PIB sinalizam desaceleração iminente da economia americana, puxada pelo mercado de trabalho.

A maior economia do mundo se expandiu apenas 1,2 por cento no segundo trimestre.

O crescimento do primeiro trimestre foi revisado para baixo, de 1,1 por cento para 0,8 por cento. A taxa apurada para o segundo trimestre representa menos da metade da projeção dos economistas em pesquisa da Bloomberg.

"Se a economia só consegue crescimento na casa de 1 por cento quando o mercado de trabalho tem pleno emprego, é preciso considerar mais seriamente a teoria de estagnação secular", escreveram os analistas do Deutsche Bank.

"Em outras palavras, talvez a taxa média de crescimento de 2,1 por cento do atual ciclo tenha sido um desempenho superior. Se a produtividade continuar decepcionando, é provável que as estimativas de crescimento potencial sejam revisadas para baixo, sinalizando após o ocorrido que o hiato do produto vem se fechando mais rápido do que pensávamos."

A estagnação secular é uma teoria polêmica que prega que o crescimento econômico e a taxa de juros neutra nos EUA são estruturalmente baixos ou em território negativo e que o incentivo ao pleno emprego — na ausência de demanda final sustentável — ameaça a estabilidade financeira.

Os estrategistas do Deutsche enxergam um cenário pessimista para a produtividade nos EUA, ressaltando que a "parcela da economia não relacionada ao consumidor está encolhendo não só em termos reais, mas também em termos nominais."

Com o crescimento real do PIB em apenas 1,2 por cento nos últimos quatro trimestres, os estrategistas acham que os EUA estão próximos de um desaquecimento do mercado de trabalho — no qual a baixa produtividade obrigaria as empresas a defender suas margens de lucro por meio da demissão de trabalhadores, que também são consumidores. Isso deprimiria a demanda agregada e pressionaria ainda mais as margens de lucro das empresas, segundo os analistas.

A chance de elevação dos juros nos EUA em setembro, de acordo com contratos futuros, diminuiu para 18 por cento, comparado a 28 por cento antes da divulgação do PIB do segundo trimestre.

Um fator tradicional de motivação do aperto monetário — a inflação de salários, que eventualmente aumenta com a menor ociosidade no mercado de trabalho, de acordo com a curva de Phillips — é considerado menos provável após os números do segundo trimestre, escreveram os estrategistas do Deutsche.

Eles não preveem alta nos juros neste ano.

Sinais saudáveis para o gasto do consumidor continuam respaldando a confiança dos representantes do Fed na força subjacente da economia americana.

Na quinta-feira, John Williams, responsável pelo escritório regional do Fed em São Francisco, afirmou que pode haver justificativa para duas altas nos juros neste ano, apesar do PIB abaixo do esperado no segundo trimestre.

Destacando a divergência entre as expectativas do mercado e do Fed para o crescimento econômico e a taxa básica de juros — dado que o rendimento do título do Tesouro americano com prazo de 10 anos está em queda desde meados de 2015 —, os analistas do Deutsche concluíram que "há pouca evidência de que a produtividade está pronta para fazer o trabalho pesado para estimular crescimento mais rápido", sendo que a expansão da contribuição trabalhista agora proporciona retornos cada vez menores sobre o crescimento do produto.

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