Economia

Para BID, América Latina pode crescer 5,6% no ano

Se aumentar produtividade, a América Latina poderia crescer 5,6 anualmente, segundo economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento


	Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID: cenário de melhora da produtividade provocaria um processo de integração regional
 (CaribDigita/Wikimedia Commons)

Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID: cenário de melhora da produtividade provocaria um processo de integração regional (CaribDigita/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2014 às 14h00.

São Paulo - A América Latina pode chegar a crescer 5,6% anualmente, contra os atuais 3%, se conseguir melhorar a produtividade na próxima década, afirmou o economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o espanhol José Juan Ruiz Gómez em entrevista exclusiva à Agência Efe.

Ruiz explicou que, se na próxima década os países da região implementarem reformas que coloquem a produtividade no patamar atual dos Estados Unidos, cada nação aumentaria 1,8% seu crescimento anual.

"A taxa de crescimento aceleraria 1,8, e em vez de crescer 3% anual, voltaríamos a crescer durante os próximos dez anos a 4,8%", comentou.

De acordo com Ruiz, este cenário de melhora da produtividade provocaria um processo de integração regional que, por sua vez, causaria um "bônus adicional" de crescimento de 0,8%, o que deixaria a taxa anual da região em 5,6%.

Para o representante do BID, os principais fatores que travam o crescimento da produtividade são: o "altíssimo grau de informalidade" (economia submergida), a fragmentação das economias e a falta de acordos inter-regionais.

"A proporção de comércio entre indústrias da região está em torno de 17%, contra 90% do Nafta (Tratado de Livre- Comércio da América do Norte) e 80% da União Europeia", exemplificou.

Para sanar o déficit de produtividade, Ruiz falou da necessidade de apostar em uma educação de "qualidade", centrada na potencialidade do capital humano, da importância de uma reforma tributária, e do imprescindível investimento em transporte em uma região com um déficit "brutal" em infraestrutura.

Ele explicou que a "América Latina investe hoje em infraestrutura 2,5% do PIB, muito pouco diante dos 6% que os países asiáticos destinam".

Sobre como a melhora da economia americana pode afetar a América Latina, Ruiz afirmou que o crescimento do país americano influi "positivamente" no da região, mas podem haver alguns aspectos negativos derivados da consequente retirada de estímulos monetários.

Segundo o economista do BID, apesar da redução dos estímulos aumentar a taxas de juros e portanto, o custo de entrar nos mercados internacionais, "este cenário não afeta à América Latina tanto quanto no passado".

"Quando surgiam situações em que as taxas de juros internacionais subia, a América Latina tinha dificuldades para se endividar fora e parte do capital que estava dentro saía porque os alicerces da região eram fracos", sustentou.

Atualmente "a situação não é tão arriscada por causa da melhora dos fundamentos econômicos da região" e pela entrada de investimento direto.

"Uma grande parte do capital que entrou na região nos últimos tempos não é dívida, mas investimento direto. A América Latina recebeu durante uma grande parte da última década fluxos de investimento direto que equivalem a três pontos do PIB da região", lembrou. 

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