Economia

Para 95% do mercado, governo não vai conseguir zerar déficit em 2024, aponta pesquisa Genial/Quaest

Apenas 5% dos 87 profissionais de fundos de investimentos ouvidos esperam cumprimento da meta fiscal em 2024

Meta fiscal: mercado não acredita que o governo vai zerar o déficit público no próximo ano (EDU ANDRADE/Ascom/MF/Flickr)

Meta fiscal: mercado não acredita que o governo vai zerar o déficit público no próximo ano (EDU ANDRADE/Ascom/MF/Flickr)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 19 de setembro de 2023 às 08h34.

Última atualização em 19 de setembro de 2023 às 08h35.

O novo arcabouço fiscal prevê que o governo vai zerar o déficit público em 2024, porém, o mercado financeiro vê essa meta com pessimismo. Para 95% dos agentes, o governo não conseguirá zerar o déficit primário no ano que vem. Os dados são da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira, 19. Apenas 5% dos 87 profissionais de fundos de investimentos ouvidos esperam cumprimento da meta fiscal em 2024.

O mercado financeiro acredita que mesmo com as todas medidas para aumento das receitas propostas pelo governo -- como a taxação de fundos exclusivos, offshores e o fim da dedutibilidade dos juros sobre capital próprio -- a meta fiscal será descumprida em 2024. Apenas 14% dos entrevistados esperam que o pacote atinja o objetivo de déficit zero. A ancora fiscal aprovada possui  uma banda de tolerância que admite um déficit de até 0,25% do PIB no próximo ano.

Entre as medidas, a taxação de fundos exclusivos é considerada a de mais fácil avanço no Congresso: 46% dos entrevistados veem alta probabilidade de que ela seja aprovada. Já a aprovação do fim da dedutibilidade dos juros sobre capital próprio (JCP) é vista como "muito provável" por apenas 27%.

Caso o governo não consiga aprovar o pacote, a maioria do mercado, cerca de 53%, espera que o Executivo busque novas medidas com efeito imediato de aumento da arrecadação. Outros 37% esperam abandono da meta de déficit zero, e 10% preveem aumento das alíquotas de impostos.

No fim de agosto, ministros da ala política do governo sinalizaram disposição em alterar a meta fiscal para um rombo nas contas de até 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano. Apesar do debate, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a meta de zerar o déficit seria mantida. O Ministério do Orçamento enviou ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) com a previsão. 

Entre julho e setembro, os agentes financeiros se tornaram mais céticos em relação à capacidade do governo de fazer avançar as suas prioridades no Legislativo. A proporção dos que consideram que a capacidade do Planalto de aprovar a sua agenda no Congresso é baixa cresceu de 24% para 27%, e os que veem a capacidade como alta caíram de 27% para 20%. A avaliação de que a capacidade é regular passou de 49% para 53%.

Para 56%, a entrada do PP e do Republicanos no governo - por meio da nomeação de André Fufuca para o Ministério dos Esportes e de Silvio Costa Filho para a pasta de Portos e Aeroportos - levará a um aumento na capacidade de aprovação de projetos do governo. Outros 44% afirmam que a mudança não vai alterar o quadro.

Otimismo com a reforma tributária e pessimismo com a administrativa

A maioria do mercado financeiro, 74%c espera que o Senado conclua ainda este ano os trabalhos sobre a reforma tributária. Outros 26% avaliam que a medida não deve avançar até dezembro.

Para 62% dos 87 profissionais de fundos entrevistados, a reforma administrativa não será pautada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Já 38% esperam que o seja.

Ao todo, 72% afirmam que a reforma do Imposto de Renda não será votada até o fim do ano, contra 28% que esperam que seja.

Acompanhe tudo sobre:Pesquisas eleitoraisPesquisas de mercadoMinistério da FazendaOrçamento federal

Mais de Economia

Haddad diz que consignado privado pelo eSocial terá juro "menos da metade" do que se paga hoje

Desafio não vai ser isentar, vai ser compensar com quem não paga, diz Haddad, sobre isenção de IR

Dino intima governo a explicar se emendas Pix para eventos cumprem regras de transparência

Governo deverá bloquear R$ 18,6 bilhões no Orçamento de 2025 para cumprir regras fiscais, diz Senado