Economia

País pode ter "crescimento robusto" em 2017, diz Meirelles

Apesar de otimista com a retomada da economia, Meirelles ressaltou que não se pode "subestimar a recessão"

Henrique Meirelles: ministro também afirmou que as exportações estão sendo penalizadas "por várias questões" (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Henrique Meirelles: ministro também afirmou que as exportações estão sendo penalizadas "por várias questões" (Antonio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de março de 2017 às 14h05.

Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira, 7, que existe a possibilidade de o Brasil terminar 2017 com um "crescimento robusto" e entrando em 2018 com uma "situação completamente diferente da que vivemos agora". A declaração foi dada durante reunião do Conselhão, no Palácio do Planalto.

Apesar de otimista com a retomada da economia, Meirelles ressaltou que não se pode "subestimar a recessão", destacando que a queda do PIB acumulada nos últimos dois anos é a maior desde que o indicador começou a ser medido no Brasil, superando, inclusive, o recuo verificado durante a crise de 1929. "Estamos superando, mas pagando um preço", afirmou o ministro.

Meirelles também comentou a competitividade das empresas brasileiras que exportam e disse que as exportações estão sendo penalizadas "por várias questões", dando um maior destaque para o custo de produção no Brasil.

"Não há dúvida de que Brasil tem estrutura complexa e custos elevados", disse Meirelles, citando medidas microeconômicas que buscam elevar a produtividade das empresas, além das reformas trabalhista e tributária. "O projeto de mudanças tributárias é abrangente e está em andamento".

O ministro afirmou que a reforma do PIS/Cofins está em andamento e que, em até 60 dias, um projeto será envidado pelo governo ao Congresso. "É a primeira vez em décadas que estamos enfrentando a questão da burocracia de forma vigorosa e direta", disse.

Sobre exportação, Meirelles afirmou também que, com o alto custo de produção para as empresas, a exportação fica dependente da depreciação do câmbio. "Já tentaram controlar o câmbio antes e não deu certo", disse o ministro.

Para ele, a questão do juro estrutural precisa ser enfrentada, destacando que, no Brasil, o juro estrutural ainda é muito elevado.

"O juro estrutural influencia o câmbio, porque o juro muito elevado atrai capital externo para financiar o Brasil", disse o ministro. Sobre o juro bancário, Meirelles disse que isso também tem de sido alvo de ações do governo, mas que a previsão é de uma trajetória cadente.

Reformas

O ministro da Fazenda acredita que o PIB potencial do Brasil pode chegar a até 3,5% com o avanço das reformas. Ele explicou que o PIB potencial brasileiro diminuiu nos últimos anos com o efeito demográfico e a influencia da China - o que teria reduzido até 1 ponto porcentual esse indicador que mede a capacidade de a economia crescer sem pressão sobre a inflação. Com reformas e o controle de gastos, o PIB potencial já chegaria a 2,3%.

O potencial, porém, poderia ser ainda maior. "Com reformas microeconômicas, todas as reformas de aumento da produtividade e a diminuição do tamanho do governo, podem levar a 3,5%", disse. "O País está engajado dentro de um programa intenso e profundo de reformas em todas as áreas. É muito maior e mais abrangente que pode parecer à primeira vista", disse.

'Retrovisor'

O presidente da Federação da Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que concorda com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que afirmou, na reunião do Conselhão, que a queda do PIB em 3,6% em 2016 "é o espelho retrovisor". Para Skaf, esse dado "já era esperado".

"O importante é que em janeiro, fevereiro, já há sinais de retomada do crescimento como, por exemplo, o saldo de retomada de empregos da indústria, no mês de janeiro que, depois de 20 meses negativos, foi positivo agora. Como o censo, que é uma pesquisa que medimos o grau de confiança da indústria, também deu positivo, e o indicador do grau de confiança do agronegócio, também tem sido positivo nos últimos meses", ressaltou.

Para Skaf, "concretamente há uma recuperação. É claro que ela é muito lenta ainda, mas saímos da rota negativa para uma positiva".

Após destacar que não tem "euforia em relação ao clima de hoje na economia", Skaf reiterou que não se pode ignorar que "há sinais positivos de retomada do crescimento". "E é lógico que queremos que, para o bem do Brasil, que estes sinais se materializem em uma retomada da economia."

Lembrado que as questões políticas, como as delações, têm atrapalhado a melhoria do cenário econômico, Skaf declarou que espera que "nada atrapalhe" esta tendência de crescimento.

"Estamos com 13 milhões de pessoas sem emprego. Precisamos voltar a fortalecer o setor produtivo como a indústria, o comércio, os serviços. Precisamos voltar a ter arrecadação, sem aumento de impostos, através do crescimento econômico e espero que nada atrapalhe isso porque o País tem de andar", comentou Skaf, passando a defender as reformas da previdência, trabalhista e tributária.

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