Economia

País não precisa somar tensão política à crise, diz presidente do Itaú

Em teleconferência, Candido Bracher afirmou que deve haver harmonia entre os poderes e que gestão do Estado é fundamental para lidar com crise econômica

Crise econômica: setores mais afetados pela crise são os de óleo e gás, lazer e turismo e aéreo, segundo presidente do Itaú (Germano Lüders/VOCÊ S/A)

Crise econômica: setores mais afetados pela crise são os de óleo e gás, lazer e turismo e aéreo, segundo presidente do Itaú (Germano Lüders/VOCÊ S/A)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de maio de 2020 às 16h08.

Última atualização em 5 de maio de 2020 às 16h42.

O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, afirmou nesta terça-feira, 5, que o País não precisaria acrescentar tensão política à crise de saúde e econômica que o País enfrenta por causa da pandemia de covid-19. "A gestão do Estado é fundamental numa crise como essa", disse em teleconferência com jornalistas para comentar o balanço do primeiro trimestre.

O banco informou na noite de segunda-feira, 4, um lucro líquido recorrente de R$ 3,9 bilhões no primeiro trimestre, cifra 43,1% inferior ao resultado do mesmo período do ano passado, quando os ganhos somaram quase R$ 6,9 bilhões. Quando se levam em conta os dados do quarto trimestre de 2019, a queda foi ainda maior, de 46,4%.

Ele lembrou que a dívida pública do Brasil deve sair do patamar de 75% do PIB e poderá atingir 90% ao término da fase mais aguda dos problemas macroeconômicos trazidos pela covid-19. Segundo Bracher, o salto na dívida pública está exclusivamente relacionado à crise, devendo atingir níveis nunca vistos, e, portanto, o País deverá ter confiança para reverter os patamares escalonados.

"A crise atingiu o Brasil em um momento em que a taxa de juros foi a mais baixa história. Não foi obra da sorte, mas consequência das reformas que foram capazes de trazer confiança ao mercado na gestão fiscal do Brasil", observou. "Agora precisaremos da mesma confiança para reverter a dívida pública", disse, acrescentando que, nesse sentido, vê com preocupação com a tensão política.

"É importante que haja harmonia entre os poderes durante a crise", afirmou. "Torço muito pelo alinhamento entre os poderes e para um caminho seguro no pós-crise."

Proteção contra calotes

Bracher afirmou que o banco fará as provisões necessárias para manter seu balanço forte em meio à crise gerada pela pandemia. "A principal responsabilidade do banco é se manter sólido, líquido e com balanço forte. Faremos provisões necessárias para manter força no balanço", disse.

O Itaú reforçou em cerca de R$ 4,5 bilhões seu colchão para perdas por conta da deterioração esperada no cenário econômico diante da covid-19. O maior conservadorismo do banco, porém, pesou no resultado, que caiu mais de 43% ante um ano, para R$ 3 9 bilhões, e rentabilidade do período.

Segundo Bracher, não é possível afirmar ainda se esse foi o trimestre mais afetado por conta da crise e o banco não fornece projeções para lucro. "Nós não fornecemos justamente para não abordar esse aspecto. Assim, temos mãos livres fazer provisões necessárias à medida crise evolua. Não podemos antecipar se foi maior impacto ou não", explicou.

Ele afirmou que os setores mais afetados pela crise até agora são os de óleo e gás, lazer e turismo e aéreo. O setor imobiliário, porém, é o de maior representatividade, com participação de 3,7% na carteira de crédito de pessoa jurídica da instituição.

De acordo com Bracher, a fatia do segmento de óleo e gás é de 1 3%; de lazer e turismo, de 0,9%; e das companhias aéreas, de 0 2%.

A carteira de crédito do Itaú cresceu 18,9% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2019, totalizando R$ 769,2 bilhões. Em relação aos três meses anteriores, a alta foi de 8,9%. "A carteira de crédito cresceu bem refletindo a aceleração da concessão de crédito em especial a grandes empresas", explicou Bracher.

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